Irmão de Ney Matogrosso foi batizado como “Gay” em homenagem a coronel do Exército

Em um Brasil conservador dos anos 1930, o pai de Ney Matogrosso, militar de carreira, desafiou as regras do quartel ao se casar no Paraguai com Beíta de Souza Pereira, quando ainda não tinha os cinco anos obrigatórios de serviço. A travessia para subir ao altar em Bella Vista Norte contou com a ajuda do tenente Gray e do coronel João Pedro Gay — este último tão marcante na história da família que acabou sendo homenageado no nome do primogênito: Gay de Souza Pereira.

A revelação curiosa e potente faz parte do livro Ney Matogrosso – A Biografia, de Julio Maria, lançado em 2021. A obra também revela as tensões entre Ney e o pai conservador, além de trazer um panorama histórico sobre o uso da palavra “gay”, que só passaria a ser associada à homossexualidade em 1920 — e ainda assim, demoraria a chegar em regiões como Bela Vista.

“Anos depois, quando julgou ter dado ao filho uma condenação moral, sugeriu que Gay mudasse seus documentos para se livrar da injúria”, diz o livro. Mas Gay respondeu com firmeza e orgulho: “Não precisa, pai. Quero que as pessoas me respeitem com o nome que eu tenho.”

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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