Benny Briolly denuncia transfobia, racismo e machismo dentro do PSOL-Niterói: “Tentam me apagar”
O clima político no PSOL de Niterói esquentou nos últimos dias após a vereadora trans Benny Briolly acusar o colega de partido, Professor Tulio, de condutas “machistas, racistas e transfóbicas” durante reuniões do Colégio de Líderes da Câmara Municipal. Segundo Benny, o estopim aconteceu em 16 de junho de 2025, quando foi surpreendida com a perda de sua posição como líder da bancada PSOL/REDE sem aviso prévio e sem seguir o protocolo oficial da Casa.
“O que vimos foi uma tentativa de apagar minha liderança e meu lugar como mulher trans na política marcada por atitudes machistas que precisam ser denunciadas”, afirmou ela. Diante do episódio, figuras públicas como MC Carol, parlamentares trans como Linda Brasil (PSOL) e Duda Salabert (PDT), além de organizações como Justiça Global, Criola e Mulheres Negras Decidem, assinaram uma carta pública em apoio a Benny. O documento destaca o impacto político da vereadora, primeira mulher trans eleita em Niterói em 2020 e reeleita em 2024, e relembra que ela foi a primeira parlamentar brasileira a ter um caso reconhecido como violência política de gênero na CIDH, após ataques de Rodrigo Amorim.
A carta também denuncia o que considera uma campanha sistemática de exposição e retaliação por parte do PSOL-Niterói contra Benny, incluindo a acusação de “suposta participação” em governos aliados da esquerda local. “Não é justo os ataques que essa instância municipal vem engendrando contra uma parlamentar que é um patrimônio do estado do Rio de Janeiro”, afirma o texto, que ressalta o compromisso contínuo de Benny com os direitos humanos, a população periférica e a luta antirracista.
Em entrevista, Benny revelou que os conflitos com setores do partido remontam a 2022, quando perdeu grande parte do fundo eleitoral para favorecer um candidato cisgênero. “A pergunta tem que ser: o PSOL realmente me quer no partido?”, questiona. Sem resposta da direção nacional até o momento, a vereadora sinaliza que seguirá seu trabalho político ao lado de quem reconhece sua trajetória. “Quando não nos encaixamos no padrão imposto, somos descartadas como se não fôssemos mais úteis”, desabafou.