Surto de hepatite A em SP atinge principalmente homens gays e bissexuais; vacinação é ampliada

A cidade de São Paulo enfrenta um novo surto de hepatite A, com 353 casos registrados e três mortes apenas entre janeiro e 15 de maio de 2025, segundo o Boletim Epidemiológico da Coordenadoria de Vigilância em Saúde. A maioria das infecções ocorre entre homens (71,7%) de 18 a 39 anos (67,5%), faixa que inclui um número expressivo de homens gays e bissexuais. Diante do cenário, a Prefeitura ampliou a vacinação para usuários de PrEP e homens que fazem sexo com homens, além de outros públicos vulneráveis.

Em entrevista ao portal Metrópoles, o infectologista Rico Vasconcelos, da Faculdade de Medicina da USP, explicou que a principal via de transmissão do vírus é fecal-oral, e que certas práticas sexuais aumentam o risco. “Um exemplo clássico é a prática do sexo oral, aquele famoso beijo grego, como popularmente é chamado, mas não só. Sexo oral já gera mais chance de ter contato com a partícula viral infectante”, detalha o especialista, reforçando que a infecção pode ocorrer mesmo antes da pessoa apresentar sintomas.

Apesar do predomínio entre homens que fazem sexo com homens, Vasconcelos alerta que a hepatite A não pode ser rotulada como “doença de homem gay”. O risco está ligado a fatores como práticas sexuais, acesso a saneamento básico e higiene. O médico também lembra que surtos como esse já ocorreram anteriormente em São Paulo, como em 2018, 2022 e 2023, atingindo grupos suscetíveis que não haviam sido vacinados.

Para conter o avanço da doença, a vacinação foi intensificada: mais de 8 mil doses da vacina para adultos já foram aplicadas em 2025. A imunização está disponível nos CRIEs, SAEs, CRTs e CTAs espalhados pela capital. A Secretaria da Saúde de São Paulo reforça que continua monitorando os casos em parceria com os municípios, realizando capacitação de profissionais e ações de testagem para detecção precoce da hepatite A.