Criadora da bandeira do orgulho trans tenta fugir dos EUA em meio a aumento de leis anti-LGBTQ+
Monica Helms, veterana da Marinha dos Estados Unidos e criadora da icônica bandeira do orgulho trans, anunciou que ela e sua esposa planejam deixar sua casa em Marietta, Geórgia, em meio ao aumento da retórica e das leis anti-LGBTQ+ nos EUA. Aos 74 anos, Helms afirma que o clima de insegurança no país motivou a decisão, apontando que até estados historicamente democratas começam a apresentar restrições que preocupam a comunidade LGBTQIAPN+.
“Não queremos um lugar onde haja tanto perigo”, disse em entrevista, mencionando que leis prejudiciais em outros estados poderiam se espalhar rapidamente para a Geórgia. Desde 2023, legislaturas estaduais norte-americanas propuseram ao menos 1.647 projetos de lei contra pessoas LGBTQ+, incluindo restrições a cuidados de afirmação de gênero e censura de conteúdo escolar relacionado à diversidade. Só em 2025, até o momento, 604 propostas desse tipo já foram apresentadas. Na Geórgia, 32 leis anti-LGBTQ+ foram propostas desde 2023, das quais quatro foram aprovadas, e uma está atualmente sendo contestada na justiça. Helms, que serviu entre 1970 e 1978 na Marinha a bordo de dois submarinos, disse temer pelo aumento da hostilidade, mesmo em estados que apoiam os direitos LGBTQ+.
Em sua declaração publicada no GoFundMe, o casal informou que está tentando se mudar para a Costa Rica, país que consideram “mais seguro do que os EUA hoje”. Helms reforçou que sua mudança não significa o fim do ativismo: “Não abandonaremos nosso ativismo na Costa Rica. [Se] outros quiserem se mudar para lá, ajudaremos de qualquer maneira que pudermos.” A veterana também relembrou a história da bandeira trans, criada em 1999 e hasteada pela primeira vez em uma parada do orgulho em Phoenix, Arizona, no ano seguinte, símbolo que se tornou referência mundial para a visibilidade trans.
Monica Helms, cuja vida sempre foi marcada pelo serviço e pelo ativismo, deixa claro que a resistência trans não será silenciada, mesmo que o caminho para a segurança signifique atravessar fronteiras e reconstruir sua vida em outro país.