Novo app Sapphos, voltado para lésbicas, é comparado ao Grindr e já reúne milhares de usuárias

Na última sexta-feira (29/08), quando o Brasil celebrou o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a data ganhou um novo significado com o lançamento simbólico do aplicativo Sapphos, voltado exclusivamente para mulheres lésbicas e sáficas. Criado pela produtora Alice Chiappetta em parceria com a desenvolvedora de software Beatriz Muniz, o app nasceu da percepção de que os espaços digitais de relacionamento disponíveis no país não atendiam às necessidades de segurança, acolhimento e representatividade dessa comunidade.

Embora o lançamento oficial tenha sido adiado para terça-feira (02/09) por problemas técnicos, a escolha do dia 29 foi intencional. “Agosto não pode ser só sobre memória, mas também sobre ação, sobre novos movimentos”, afirmou Alice à Marie Claire. A ideia surgiu da própria experiência pessoal de Alice, que desde a adolescência esteve envolvida com causas feministas e LGBTQIAPN+.

Ao perceber a dificuldade de criar conexões seguras e a falta de visibilidade para marcas e eventos lésbicos, ela viu a necessidade de construir um espaço digital próprio. “É engraçado porque isso surgiu quando eu tinha acabado de sair de um relacionamento de quase dois anos. Voltei para a solteirice e parecia que todo mundo que eu conhecia já tinha se relacionado com alguém do meu círculo, o famoso ‘rebuceteio’”, contou. A solidão e os desafios de socialização foram o estopim para chamar Beatriz, amiga de escola e programadora, para desenvolver o projeto.

Sem investidores, a dupla reuniu uma equipe formada por nove mulheres, que atuam desde o desenvolvimento até áreas jurídicas e de engenharia, transformando a iniciativa em um verdadeiro esforço coletivo. “É literalmente nove amigas e um sonho”, brinca Alice. A construção, no entanto, não foi fácil: a falta de mão de obra feminina em tecnologia e a ausência de financiamento foram obstáculos no início. A visibilidade do projeto, contudo, atraiu voluntárias, consolidando o Sapphos não só como uma plataforma de encontros, mas também como um hub de conexões profissionais e de fortalecimento comunitário.

Com funcionalidades inéditas, o aplicativo permite que usuárias escolham se buscam amizade, algo casual ou relacionamentos sérios, além de oferecer recursos como validação rigorosa de perfis e múltiplas opções de pronomes e identidades. Outro diferencial é o “calendário sáfico”, que reúne eventos e possibilita descobrir quem mais participará deles. A meta inicial era alcançar 2 mil usuárias no primeiro mês, mas o projeto ultrapassou expectativas: antes mesmo da estreia, um tweet sobre o app viralizou e já soma mais de 20 mil seguidores nas redes. Inicialmente gratuito, o Sapphos também contará com a versão premium Sapphos Plus, por R$ 49,90 mensais ou R$ 44,90 no plano anual, oferecendo recursos extras como geolocalização detalhada e curtidas ilimitadas.