Brasil segue sem nenhum jogador de futebol gay ou bi assumido em atividade e alerta de Josh Cavallo expõe o motivo

O australiano Josh Cavallo, atualmente no Peterborough Sports, da sexta divisão inglesa, voltou a expor a homofobia que ainda domina o futebol masculino. Em entrevista à BBC, ele contou que recebe ameaças de morte diariamente e descreveu que ser um jogador abertamente gay continua sendo “um lugar muito tóxico”. Para Cavallo, ainda há “montanhas” de preconceito a serem superadas antes que o esporte seja de fato seguro para atletas LGBTQIA+.

Ele destacou o impacto que teria se um jogador da Premier League — a primeira divisão inglesa e a liga mais poderosa do mundo — se assumisse publicamente. “Isso moveria montanhas”, afirmou, reconhecendo que essa pessoa enfrentaria enorme hostilidade. Sua decisão em 2021, quando jogava pelo Adelaide United na Austrália, inspirou o jovem atacante Jake Daniels, do Blackpool, clube da terceira divisão. Daniels se assumiu em 2022, tornando-se o único jogador britânico abertamente gay em atividade no futebol profissional masculino.

Cavallo também lembrou o caso de Justin Fashanu, o primeiro jogador britânico a se assumir gay, ainda nos anos 1990. Sem apoio de colegas, dirigentes e imprensa, Fashanu enfrentou forte homofobia, isolamento e perseguição. Em 1998, acabou tirando a própria vida aos 37 anos. Mais de duas décadas depois, Cavallo afirma que a “masculinidade tóxica” continua marcando estádios e vestiários. “Basta ir a um jogo para ver o ambiente hostil que a torcida traz”, disse, defendendo mudanças que garantam espaços seguros para atletas LGBTQIA+.

No Brasil, o alerta ressoa forte. Apesar da diversidade crescente nas arquibancadas, nenhum jogador profissional brasileiro em atividade, seja gay ou bissexual, se assumiu publicamente. O medo da reação das torcidas, a perda de contratos e a falta de apoio institucional mantêm muitos em silêncio, enquanto episódios de homofobia seguem com punições brandas.

A trajetória de Cavallo prova que a homofobia no futebol não é uma questão isolada de um país, mas um problema global. O esporte é paixão nacional, mas também pode ser espaço de transformação. A pergunta que fica é: será que o Brasil está pronto para apoiar um jogador gay ou bi que decida se assumir publicamente dentro de campo?

Thiago Araujo

Thiago Araujo é editor-chefe e criador do Pheeno! Referência no cenário pop LGBTQIA+ nacional, o carioca de 30 anos é jornalista e empresário do ramo do entretenimento, além de agitar as pistas como DJ mundo afora!

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