Indianarae Siqueira reage à polêmica e dispara: trans com barba têm direito de existir sem julgamentos

Depois da fala de Luísa Marilac, que declarou que “trans de barba é o fim” e gerou intensa polêmica nas redes, a ativista Indianarae Siqueira, referência no movimento trans brasileiro, decidiu se posicionar. Em um Reels publicado no Instagram, a militante criticou duramente quem tenta definir como uma mulher trans deve existir.

Fundadora da CasaNem, espaço no Rio de Janeiro que acolhe pessoas LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade, Indianarae também fez história ao conseguir, em 2022, a retificação de seus documentos para o gênero não binárie — um marco importante na luta pelo reconhecimento da diversidade de identidades no Brasil.

No vídeo, ela destacou que impor padrões estéticos à vivência trans é repetir o mesmo tipo de opressão que a comunidade já sofre de fora. “As pessoas estão reproduzindo o papel do opressor”, afirmou. Em outro momento, disparou: “É um absurdo que pessoas como essas venham na internet bostejar”, rebatendo diretamente quem questiona a legitimidade de mulheres trans que mantêm barba.

A ativista também ressaltou que esse tipo de discurso não afeta apenas mulheres trans, mas rechaça pessoas não-binárias, que muitas vezes não se encaixam em estéticas tradicionais de gênero. Para ela, impor uma única forma de existir mina justamente a diversidade que a própria comunidade deveria defender.

Em tom pessoal, Indianarae contou que já saiu de barba e cavanhaque e nunca teve problema com isso, lembrando ainda que até mulheres cis também podem ter barba e precisam lidar com esse aspecto corporal. O recado, segundo ela, é que a presença de pelos faciais não anula a identidade de nenhuma mulher.

Na avaliação de Indianarae, a luta não é por se encaixar em um padrão de feminilidade, mas por afirmar a pluralidade dos corpos trans e não-binários. E concluiu o vídeo com uma mensagem de acolhimento: “Deixe que as pessoas sejam felizes com seus corpos.”

A fala de Indianarae amplia o debate iniciado por Marilac e expõe as tensões dentro da própria comunidade LGBTQIA+, onde ainda persistem cobranças e padrões que acabam excluindo pessoas trans e não-binárias que fogem de uma estética idealizada.

E você, o que pensa sobre essa polêmica? A barba pode ou não fazer parte da vivência de uma mulher trans?

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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