“O que não se mede, não se transforma”: Conferência LGBTQIA+ em Brasília cobra ação e dados reais do governo

Com essa frase poderosa, dita pela secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, foi aberta nesta terça-feira (21/10) a 4ª Conferência Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, em Brasília. O evento, que vai até sexta (24/10), reúne mais de 1.500 participantes de todo o país e marca o retorno da conferência após oito anos, consolidando um espaço de diálogo entre governo e sociedade civil em torno de políticas públicas de enfrentamento à violência e à discriminação.

A fala de Symmy resume o espírito do encontro: sem dados, não há políticas eficazes. A criação de pesquisas permanentes sobre as condições de vida, trabalho e segurança da comunidade LGBTQIA+ foi um dos pontos mais defendidos durante a abertura. “O que não se mede, não se transforma”, afirmou a secretária, reforçando que visibilidade também é ferramenta de transformação social.

Entre as vozes mais marcantes da conferência, a ativista baiana Jovanna Baby, de 62 anos, destacou o recorte racial dentro da população trans. Segundo ela, 73% das pessoas trans no Brasil são negras, um dado que escancara como os programas sociais ainda priorizam famílias heterossexuais e deixam travestis e transexuais em situação de vulnerabilidade.

A abertura também contou com a presença de quatro ministras do governo federal: Macaé Evaristo, da Cidadania e dos Direitos Humanos; Márcia Lopes, das Mulheres; Sônia Guajajara, dos Povos Indígenas; e Gleisi Hoffmann, de Relações Institucionais. A participação delas reforçou o compromisso do governo em transformar as discussões em ações concretas e intersetoriais.

Entre as medidas apresentadas está a criação de um grupo de trabalho para acompanhar casos de violações de direitos humanos contra pessoas LGBTQIA+, além de debates sobre cotas, políticas afirmativas e ampliação do acesso a programas sociais.

Para a deputada Erika Hilton, o evento simboliza resistência e continuidade de uma luta que segue viva nas ruas e nos espaços de poder. Ela lembrou que, apesar da violência e dos ataques constantes, a comunidade LGBTQIA+ segue erguendo suas pautas e exigindo respeito e cidadania.

Mais do que um evento institucional, a conferência em Brasília representa um marco de retomada da política LGBTQIA+ no Brasil — um espaço onde vozes diversas se encontram para reafirmar que respeito, dignidade e liberdade não são concessões, são direitos.

Thiago Araujo

Thiago Araujo é editor-chefe e criador do Pheeno! Referência no cenário pop LGBTQIA+ nacional, o carioca de 30 anos é jornalista e empresário do ramo do entretenimento, além de agitar as pistas como DJ mundo afora!

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