Canadense denuncia ter sido dopado, abusado e roubado na Zona Sul do Rio: “Acordei dois dias depois”

O influenciador canadense Cameron Golinsky, que vive nos Estados Unidos e estava no Rio de Janeiro desde fevereiro para aprender português e registrar sua experiência em vlogs de viagem, relatou ter sido vítima de um ataque brutal em Copacabana, no dia 26 de outubro. Segundo ele, dois homens o doparam, o levaram até seu apartamento e o deixaram inconsciente. Ao acordar dois dias depois, Cameron estava nu, com sinais de violência, sem celular e sem acesso às suas contas digitais.

“Roubaram meu telefone, reviraram tudo em busca do meu dinheiro e alteraram todos os meus dados biométricos. Quando tentei entrar no meu e-mail, percebi que todas as senhas haviam sido trocadas. Só então entendi a gravidade do que havia acontecido”, disse ele com exclusividade ao Pheeno. O canadense contou que o primeiro contato com os agressores aconteceu em Ipanema, após um dia de praia. “Eu estava sozinha do lado de fora de um bar a céu aberto em Ipanema. Era um lugar que eu costumava frequentar quase toda semana, onde era comum conhecer pessoas novas. Dois homens se aproximaram, começaram a conversar e me convidaram para uma cerveja. Isso já tinha acontecido outras vezes, então não achei suspeito”, relatou. Ele lembra que os dois eram bem mais velhos e que, por acreditar estar em um ambiente já conhecido, não imaginou o que viria a seguir.

Cameron percebeu que algo estava errado pouco tempo depois. “Não consigo me lembrar do momento exato, mas eventualmente, concordei em tomar uma cerveja em casa antes de ir para o Sambay. Para a pouca cerveja que bebi, me senti mais bêbada do que deveria. Olhando para trás, isso é extremamente estranho, porque nunca convidei um estranho para entrar em casa, muito menos dois.” O influenciador acordou dois dias depois, completamente nu e desorientado. “Quando acordei dois dias depois, estava nua na minha cama e havia marcas de fezes no colchão. Roubaram meu celular e reviraram todos os meus pertences em busca do meu dinheiro de emergência, algo que eu nunca havia mencionado”, contou. Cameron procurou o consulado canadense e o hospital, onde recebeu medicação preventiva para DSTs, além de colaborar com a Polícia Civil, que coletou provas e imagens de segurança do prédio.

Mesmo após a violência, Cameron faz questão de afirmar que o ataque não representa o país. “Essa foi a experiência mais traumática da minha vida, mas foi obra de dois homens perversos e não do Brasil. Me emociona lembrar o quanto meus amigos brasileiros se mobilizaram para me ajudar — prepararam comida, ajudaram com o banco, com o aluguel e até com a limpeza do apartamento. Eu amo o Brasil e amo o Rio. Minha vida aqui foi repleta de alegria, mas agora preciso de tempo para me recuperar.”

Ele, que retorna agora ao Canadá para ficar com a família e buscar ajuda profissional, também deixou um alerta a outros turistas LGBTs que visitam o Rio. “Se estiver com pessoas novas, beba cerveja de garrafa ou lata e mantenha o polegar sobre a abertura. Os brasileiros compreendem os riscos e incentivarão você a se proteger. Se alguém se ofender com isso, já é um sinal de alerta.” Cameron finaliza a entrevista destacando a solidariedade que recebeu. “A maior lição que aprendi foi que os brasileiros são incríveis. A bondade das pessoas superou tudo o que eu poderia imaginar. Embora haja dias difíceis, nunca me senti sozinho nessa situação.”

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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