Casa 1 suspende acolhimento e atividades culturais: impacto atinge milhares de LGBTs em situação de vulnerabilidade
Casa 1, referência nacional no acolhimento e na proteção de jovens LGBTQIAPN+ em situação de vulnerabilidade, anunciou nesta segunda-feira (03) o encerramento definitivo de suas atividades em São Paulo. Fundada em 2017 por Iran Giusti, a organização se tornou símbolo de resistência ao abrigar pessoas expulsas de casa por sua orientação sexual ou identidade de gênero. A decisão interrompe um trabalho que, ao longo dos anos, garantiu apoio direto a jovens de 18 a 25 anos e ofereceu atendimentos essenciais à comunidade — somando cerca de 3 mil atendimentos mensais, número que agora fica comprometido com o fechamento.
No comunicado divulgado nas redes sociais, a Casa 1 revelou que a crise financeira se agravou de forma irreversível, impulsionada pela perda de financiamentos internacionais e pela retração de patrocínios corporativos após mudanças políticas globais. “Captação de recursos sempre foi um desafio… em 2025, virou algo praticamente impossível”, destacou a equipe, citando como marcos da crise a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e o abandono de empresas estrangeiras e nacionais. Além disso, a organização denunciou o boicote institucional que teria dificultado ainda mais o acesso a recursos públicos em níveis municipal e estadual, além de limitações no âmbito federal.
O processo de encerramento acontece de maneira gradual e já começou no último dia 31 de outubro, com o desligamento de parte da equipe e a suspensão de novas acolhidas. Até dezembro, o Centro Cultural — responsável por cursos, atividades de formação, serviço social, apoio à população em situação de rua e atendimentos de saúde mental — será fechado e terá seu imóvel entregue. Em seguida, entre janeiro e abril, moradores atualmente acolhidos serão gradualmente desligados, e a organização encerrará os trâmites burocráticos para desativação completa do espaço.
Embora o anúncio marque um momento de profunda urgência e tristeza para o movimento LGBTQIAPN+, a Casa 1 reforçou que segue lutando para evitar o fechamento total. Para isso, tem investido em ações emergenciais de arrecadação, como abertura de um sebo e um brechó, além de ampliar campanhas de financiamento. Em um momento tão crítico para milhares de pessoas que dependem desse tipo de suporte, a mensagem é clara: mais do que nunca, é hora de mobilização — da comunidade, de aliados e de empresas comprometidas com a vida e dignidade LGBTQIAPN+ no Brasil.
                
                                    
                                    
                                    
                                    
                                    
                                    
