Casal gay morto em MG foi envenenado por irmã de uma das vítimas e amigo, diz polícia

O laudo toxicológico divulgado nesta semana confirmou que o americano Thomas Stephen Lydon, de 65 anos, também foi envenenado com fenobarbital — o mesmo medicamento que causou a morte de seu companheiro, Everaldo Gregório de Souza, de 60. A constatação reforça a linha de investigação da Polícia Civil de que o casal, que vivia em Governador Valadares (MG), foi vítima de um plano premeditado com motivação financeira. O inquérito conclui que os responsáveis pelo crime, a irmã de Everaldo e um amigo de Thomas, chegaram a movimentar mais de R$ 1,3 milhão após as mortes. Ambos estão presos e responderão por duplo homicídio qualificado e outros crimes.

De acordo com o relatório final, os suspeitos compraram, de forma fraudulenta, os medicamentos fenobarbital e fenitoína, ambos de uso controlado, utilizando uma receita médica falsificada em 9 de junho — 11 dias antes da morte de Thomas. A médica cujo nome constava no documento negou ter emitido a prescrição. Segundo a perícia, a administração das substâncias provocou falência múltipla dos órgãos e parada cardiorrespiratória, quadro típico de intoxicação por barbitúricos. Inicialmente, a morte de Thomas havia sido atribuída a um câncer de pele, mas o laudo toxicológico mostrou que o quadro clínico não justificava o óbito.

A investigação aponta que a irmã de Everaldo apresentou documentos falsos, inclusive um laudo de biópsia, para emitir o atestado de óbito de Thomas. Testemunhas relataram que os investigados mantiveram as vítimas isoladas da família e administraram medicamentos sem prescrição. Everaldo chegou a contar a colegas que o amigo aplicava morfina em Thomas, obtida de sobras do tratamento da mãe do próprio suspeito. Apesar de alertado sobre o risco de overdose por uma médica, o casal acabou se afastando de amigos e parentes nas semanas que antecederam as mortes.

Após o crime, os acusados tentaram se beneficiar financeiramente das perdas. De acordo com a polícia, houve o resgate de quase R$ 400 mil em uma aplicação de Everaldo e a tentativa de vender o imóvel do casal, avaliado em cerca de R$ 950 mil. Uma advogada identificada como Ana Paula também foi implicada no caso por tentar manipular depoimentos e ameaçar testemunhas, sendo indiciada por coação no curso do processo. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 1,5 milhão em bens e veículos dos envolvidos. O Ministério Público deve agora avaliar o relatório para oferecer denúncia à Justiça.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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