Chanel, do Drag Race Brasil, rebate transfobia após assumir namoro com lésbica: “Beijo pras drags sáficas!”
A drag queen e artista Chanel, participante da segunda temporada do Drag Race Brasil, se tornou alvo de uma onda de comentários transfóbicos nas redes sociais após publicar uma foto beijando sua namorada, Afrodite, mulher cis, lésbica e também drag queen. A postagem, feita no X (antigo Twitter), veio acompanhada da legenda: “Tbm amo as lésbicas! Tanto que namoro com uma. Um beijo pras drags sáficas!”
A mensagem foi uma resposta carinhosa a um comentário feito por uma fã, que escreveu: “Chanel, as lésbicas te amam.” O que começou como uma troca afetuosa entre público e artista acabou gerando ataques de ódio e desinformação sobre identidade de gênero e orientação sexual.
Uma usuária identificada como Cecília escreveu: “Vocês são a porra de um casal hétero, seus retardados nojentos.” Chanel, que é mulher trans/travesti, respondeu com ironia e elegância: “Amor, não te perguntei nada.” A partir daí, as agressões continuaram, com comentários transfóbicos e misóginos, e outros perfis passaram a se juntar aos ataques. “Nada é mais ridículo que pessoas héteros fingindo ser lésbicas”, publicou um deles.
As ofensas se multiplicaram, atacando tanto o corpo de Chanel quanto a identidade de Afrodite. Um dos comentários mais transfóbicos dizia: “O tamanho do gogó do macho e dizendo que namora uma lésbica.” Afrodite, por sua vez, não ficou calada: “Ai, minha filha, vai chupar um cintaralho, não enche o saco”, respondeu. A réplica veio acompanhada de mais comentários de ódio, chamando o casal de “fetichistas” e questionando suas expressões de gênero.
Apesar da onda transfóbica, Chanel também recebeu uma enxurrada de apoio. Seguidores e colegas do universo drag celebraram o casal e denunciaram o preconceito. “Perfeitas! Sáficas no topo”, escreveu uma fã.
O episódio reacende um debate importante dentro da própria comunidade LGBTQIA+: a transfobia e o apagamento das mulheres trans e travestis em relações sáficas — isto é, relações entre pessoas que se identificam como mulheres e amam outras mulheres. Ao se identificar como mulher trans/travesti e namorar uma lésbica cis, Chanel escancara o quanto ainda há resistência em reconhecer identidades diversas como igualmente válidas e legítimas dentro do amor.
Mais do que um “caso de internet”, o que Chanel e Afrodite enfrentaram é reflexo de um problema estrutural: a dificuldade de reconhecer mulheres trans como mulheres — e, portanto, como possíveis parceiras de outras mulheres. Com humor e firmeza, Chanel respondeu ao ódio com o que tem de mais poderoso: amor, autenticidade e orgulho de ser quem é.




