Estudo revela que homens gays, bissexuais e héteros têm visões muito diferentes sobre traição
Pesquisas sobre comportamento amoroso costumam gerar debates acalorados, e um estudo recente, intitulado “Sexo masculino, masculinização, orientação sexual e ginefilia preveem de forma sinérgica o aumento do ciúme sexual” e publicado em 22 de agosto de 2025 no periódico Archives of Sexual Behavior, voltou a colocar o tema ciúme no centro da conversa.
Segundo os resultados, homens héteros tendem a sofrer mais quando a traição envolve sexo. Já homens gays e bissexuais, além de mulheres LGBTQIA+, demonstram maior incômodo quando o parceiro cria um laço emocional com outra pessoa. E tem mais: entre mulheres, tanto as héteros quanto as LGBTs reagiram de forma muito parecida, mostrando mais sensibilidade ao envolvimento afetivo do que ao físico.
Se para muita gente da comunidade isso soa zero chocante, a ciência agora oferece uma explicação evolutiva para o fenômeno. De acordo com pesquisadores, o ciúme é uma emoção com raízes biológicas. Assim, homens héteros — historicamente preocupados com a certeza da paternidade — tenderiam a ver o sexo fora da relação como uma ameaça ao futuro de sua linhagem. Já mulheres cis hétero, enxergariam o risco emocional como mais danoso ao relacionamento.
Quando o assunto são casais LGBTQIA+, o cenário muda. Numa relação entre dois homens, não existe a possibilidade natural de um deles gerar um filho com outra pessoa, então o sexo, por si só, não carrega o mesmo peso evolutivo. Isso pode explicar por que a traição emocional se torna mais delicada entre casais gays. Inclusive, uma pesquisa de 2019 já apontava que quase metade dos casais formados por homens vivia arranjos onde a exclusividade sexual não era obrigatória — um dado que reforça a complexidade e diversidade do afeto entre homens queer.
Mas o estudo trouxe uma surpresa interessante. Homens bissexuais, mesmo aqueles em relações com mulheres, também demonstraram maior sensibilidade à infidelidade emocional do que à sexual. Os especialistas ainda não encontraram uma explicação definitiva para o fenômeno, levantando a hipótese de que respostas emocionais podem ser influenciadas por fatores como hormônios e masculinidade socializada. Em resumo, ninguém é feito de uma única peça. Somos mistura, nuance e camada — e o amor, com todas as suas formas e expressões, segue provando isso dia após dia.

