Título de “World’s Strongest Woman 2025” é retirado após identidade trans vir à tona

A final do campeonato “World’s Strongest Woman 2025”, realizada em novembro, terminou em uma polêmica que rapidamente ganhou repercussão internacional. Jammie Booker, inicialmente anunciada como campeã na categoria Women’s Open, teve o título retirado pelos organizadores após a divulgação de vídeos antigos que revelariam que ela é uma mulher trans. O material começou a circular horas depois da prova e desencadeou uma onda de exposição e especulação que tomou conta das redes sociais e da imprensa.

A organização afirmou que não tinha conhecimento de sua identidade de gênero antes da competição — informação considerada determinante pelas regras do evento, que seguem critérios baseados no sexo de registro ao nascer. Após uma investigação emergencial, a entidade responsável anunciou a desclassificação da atleta. Com a decisão, o pódio foi refeito e a britânica Andrea Thompson, que havia ficado em segundo lugar por apenas um ponto, passou a ser reconhecida oficialmente como a campeã de 2025.

A repercussão expôs muito mais que uma disputa esportiva. A circulação dos vídeos pessoais de Booker, e a velocidade com que sua identidade foi transformada em “escândalo”, levantou discussões sobre privacidade, ética e a forma como corpos trans seguem sendo tratados pela imprensa. Em tabloides internacionais, o caso ganhou tons sensacionalistas; já entre atletas e comentaristas especializados, prevaleceu a crítica ao processo de verificação e às regras restritivas que continuam afastando pessoas trans de grandes eventos esportivos.

O episódio também reacende um debate global: como equilibrar inclusão, segurança e justiça competitiva sem reproduzir transfobia ou expor atletas a julgamentos públicos? No caso de Booker, a perda do título não apenas redefiniu o pódio, mas escancarou o quanto ainda existe de tensão entre identidade de gênero e reconhecimento feminino no esporte — especialmente quando a cobertura midiática transforma intimidade em combustível para controvérsia.

Enquanto Andrea Thompson assume o topo do ranking, a discussão deixa claro que, mesmo em arenas de força, é a fragilidade das políticas e das narrativas que acaba pesando mais do que qualquer levantamento de peso.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

Você vai curtir!