Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

Com medo de ameaças, Jean Wyllys abre mão de mandato e deixa o Brasil: “Eu quero viver”

Foto: Wilson Dias/ Agência Brasil

Jean Wyllys (PSOL) foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro pela terceira vez no último ano. Apesar disso, ele afirmou, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que vai abrir mão do mandato. Ele está fora do Brasil em férias, em um local não revelado, e não pretende voltar. Segundo Jean, ele pretende se dedicar à carreira acadêmica.

“Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores. Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo, não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de todo coração. Axé!”, disse Jean em entrevista divulgada nesta quinta (24/01). Eleito pela primeira vez em 2010, foi o primeiro parlamentar assumidamente homossexual a levantar pautas da comunidade LGBT no Legislativo.

O parlamentar era alvo frequente de notícias falsas. Recentemente, a Justiça condenou Alexandre Frota, deputado federal eleito pelo PSL, a prestação de serviços e multa por ter associado Wyllys a uma defesa da pedofilia que ele jamais fez. Desde o assassinato de Marielle Franco, sua companheira de partido, em março do ano passado, Wyllys vive sob escolta policial: “Eu não quero ser mártir. Eu quero viver”.

Ele diz que outro ponto que pesou foram as revelações recentes de que familiares do ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle e que está foragido trabalharam no gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. “Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, diz Wyllys. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”.

O seu suplente, que deve assumir o mandato no seu lugar, é o vereador carioca David Miranda (PSOL-RJ), que também é homossexual.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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