Pesquisa da vacina contra o HIV é adiada por causa da Covid-19

O estudo MOSAICO, iniciativa público-privada entre instituições americanas, começaria a testar a vacina contra o HIV no Brasil, porém, teve que ser adiado por causa da pandemia do Sars-CoV-2, o novo coronavírus.

2020 tem sido um ano completamente diferente para todo o mundo por causa da pandemia pela qual estamos passando. Chefes de estado e opinião pública dividem opiniões sobre a quarentena, enquanto de um lado o número de vítimas da Covid-19 aumenta e, do outro, a economia mundial é diariamente afetada.

Porém, o impacto da pandemia nas pesquisas clínicas e no desenvolvimento científico é enorme e tem sido pouco discutido. Por exemplo, recentemente foi anunciada a interrupção da pesquisa que testava uma nova vacina experimental para proteção contra a infecção por HIV.

O estudo MOSAICO, também conhecido como HVTN 706, pretendia incluir 3.800 participantes na Argentina, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Itália, México, Peru e Polônia, para receberem a nova vacina. A decisão de parar o estudo foi tomada pois praticamente todos os país participantes do estudo estão sendo severamente afetados pela expansão do Sars-CoV-2, o novo coronavírus.

O MOSAICO é um esforço conjunto público-privado envolvendo os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA, a Rede de Ensaios de Vacinas contra o HIV com sede no Centro de Pesquisa do Câncer Fred Hutchinson, Comando de Desenvolvimento e Pesquisa Médica do Exército dos EUA e Janssen (parte da Johnson & Johnson).

Aqui no Brasil, as inclusões estavam programadas para começar no próximo mês de maio, nas cidades de Belo Horizonte, Curitiba, Manaus, Nova Iguaçu, Rio de Janeiro e São Paulo. Devido à pandemia, ainda não há uma nova data prevista para o início da pesquisa, mas acredita-se que dentro de um mês os coordenadores da pesquisa anunciem uma nova data.

A interrupção de um estudo de vacina contra HIV como este é mais um dos grandes prejuízos para a humanidade causados pela pandemia da Covid-19, pois tudo o que se sabe no mundo da ciência moderna é construído por meio de estudos e pesquisas clínicas,inclusive, alguma podem durar décadas para que sejam finalizadas.

Todos os medicamentos utilizados para tratamento de doenças e vacinas para prevenção contra infecções, precisaram primeiro passar por um longo e rigoroso processo de pesquisa clínica antes de serem prescritos por médicos aos seus pacientes. De um ‘simples’ analgésico a medicamentos utilizados no combate ao câncer.

Este rigoroso protocolo de pesquisa científica existe não só para garantir a segurança daqueles que vão receber a medicação ou a dose da vacina, mas também para que se saiba com certeza se o seu uso trará o efeito desejado.

Um processo como esse pode durar anos, pois, geralmente, ele começa avaliando os efeitos do produto experimental na bancada de um laboratório, numa placa de vidro. Nem sempre o que funciona bem num tubo de ensaio irá repetir sua eficácia na vida real.

As pesquisas científicas que vêm sendo desenvolvidas em torno do HIV, desde a década de 1980, são exemplos perfeitos da complexidade desses processos. Muitos medicamentos e vacinas experimentais para o tratamento e prevenção do HIV falharam em algum ponto do protocolo adotado para estas pesquisas e, por isso, foram abandonados.

Certos medicamentos não tiveram a eficácia esperada nos seres humanos, outros por causarem mais mal do que bem aos seus usuários. Mas a perseverança dos pesquisadores e o rigor científico na condução dos seus estudos são responsáveis hoje pelo vasto arsenal disponível de medicamentos antirretrovirais seguros e eficazes para o tratamento contra o HIV.

Uma vacina capaz de prevenir o HIV, segura e eficaz, também faz muita falta e agora irá demorar ainda mais tempo para se tornar realidade. É preciso entender que pesquisas na área da saúde são assim mesmo. Saber priorizar as decisões que devem ser tomadas é tão importante quanto fazer o diagnóstico ou tratamento correto de uma doença.

É inadmissível que, por pressa ou por falta de uma verdade consolidada, etapas do processo sejam puladas e nem abandonar o rigor científico, senão essas decisões simplesmente podem não trazer os resultados desejados.

Quando temos muitas perguntas importantes sem respostas, é necessário ter atenção, para que se obtenham respostas 100% eficazes, mesmo que negativas. Só a ciência poderá, no seu tempo, determinar quais são os melhores medicamentos e vacinas para cada doença.

Vino

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Arquiteto, DJ, VJ, Produtor de Eventos e redator colaborador de conteúdos sobre diversidade LGBTI+ do portal Pheeno.com.br! #MandaAssunto

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