Brasileira Valentina Sampaio é primeira modelo transexual a posar para a revista Sports Illustrated
A brasileira Valentina Sampaio, de 23 anos, é a primeira modelo transgênero a posar para a revista Sports Illustrated, nos Estados Unidos. Ilustrando a edição Swimsuit Issue, uma das mais esperadas pelos leitores do ramo esportivo e que sempre traz beldades de biquíni, a cearense dividirá as páginas com outras modelos famosas.
“Estou muito feliz e honrada por quebrar mais esta barreira e dar voz à comunidade transgênero”, diz Sampaio. A editora-chefe da publicação, MJ Day, afirma que a escolha pela modelo se deve à sua beleza e ativismo em prol da comunidade.
“Nosso objetivo na seleção de quem destacamos é identificar algumas das mulheres mais inspiradoras e interessantes que podemos encontrar. Estamos profundamente comovidos com o fato de Valentina estar disposta a confiar em nós. Não pensamos duas vezes em querer ampliar a voz e a mensagem dela e oferecer a ela uma plataforma para se colocar em nome de suas aspirações e da comunidade trans”, diz Day.
Meet the Rookies: Valentina Sampaio https://t.co/k7Nxfw92yR pic.twitter.com/fjJx73WLog
— Sports Illustrated Swimsuit (@SI_Swimsuit) July 10, 2020
Valentina Sampaio também foi a primeira modelo transgênero a estampar a capa da revista Vogue Paris e a modelar para a Victoria’s Secret. “O caminho não foi fácil, o preconceito continua nos matando, por isso cada passo é uma grande vitória para todas nós. O Brasil é um país maravilhoso, mas ainda concentra o maior número de crimes violentos contra a comunidade trans em todo o mundo. Ser trans geralmente significa enfrentar portas fechadas para os corações e mentes das pessoas”, afirma.
Em entrevista publicada na Vogue em junho, Sampaio aproveitou o Mês do Orgulho LGBTQ+ para falar sobre sua luta por uma sociedade mais igualitária. “Eu tento ser uma liderança ao, por exemplo, seguir as coisas que falo, transmitir amor ao mundo, plantar uma sementinha de compreensão e aceitação no coração das pessoas”, disse.
Sobre o Brasil, ela lamentou o tratamento dado à população trans. “Nós nunca tivemos um lugar de respeito na sociedade. Assim como nos EUA e no mundo, transexuais são marginalizados no Brasil. Somos vistos como imorais e rotulados como algo pervertido, insultados, publicamente agredidos e, em alguns casos, assassinados”.
Considerada a nova Gisele Bündchen pela mídia estrangeira, a modelo também afirmou que encontrou mais aceitação fora do Brasil do que em sua própria terra natal. Para ela, é muito mais comum cruzar com transexuais em diversas áreas de trabalho nos Estados Unidos do que por aqui, onde o mercado ainda resiste a contratar essa população.