Pandemia tem impacto desproporcional sobre pessoas LGBTQ+, aponta relatório
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A COVID-19 tem um impacto desproporcional na vida de pessoas LGBTQ+, segundo um estudo comandado pelo especialista independente da ONU em orientação sexual e identidade de gênero, Victor Madrigal-Borloz. Para chegar ao resultado, foram ouvidos mais de mil indivíduos em mais de 100 países.
“A resposta à pandemia reproduz e exacerba os padrões de exclusão social e de violência que já eram identificados antes desse vírus”, afirmou Madrigal-Borloz. “Os estados e outras partes interessadas devem adotar medidas urgentes para garantir que as respostas à pandemia sejam livres de violência e discriminação baseadas em orientação sexual e identidade de gênero.” Para ele, os estados têm também a obrigação de garantir a participação e o empoderamento dessas populações para a construção de uma resposta mais justa e efetiva à pandemia.
Madrigal-Borloz destaca três processos fundamentais que devem ser mantidos ou implementados nesse sentido: decisão política de reconhecer e acolher a diversidade na orientação sexual e identidade de gênero; adoção de medidas decisivas para desconstruir o estigma; e adoção de abordagens baseadas em coleta de dados e evidências, contando com o envolvimento de organizações LGBT no desenho da resposta governamental.
O representante dap ACNUDH para a América do Sul, Jan Jarab, lembrou que a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável defende que “ninguém deve ser deixado para trás“. “Mas como podemos promover uma agenda de desenvolvimento, sem deixar ninguém para trás, tendo pessoas LGBT que veem sua existência e identidade sendo questionadas, rejeitadas ou rotuladas?”, questionou. “Pessoas LGBT devem ser capazes de viver livres e iguais, sem medo de abusos e de mudar quem eles são e quem eles amam”, completou.
“A maioria dos Estados não coleta informações de forma sistemática sobre a situação das pessoas LGBT. As organizações não-governamentais, por outro lado, sim. Portanto, recomenda-se que haja uma comunicação mais fluída e uma relação de confiança entre as organizações e instituições que se encarregam dessas questões, a fim de desenvolver conjuntamente medidas eficazes de resposta à desigualdade, violência e discriminação por causa da orientação sexual ou identidade de gênero”, recomendou.