Príncipe gay da Índia detalha torturas que sofreu na terapia de conversão: “Tratamentos com eletrochoque”

Manvendra Singh Gohil, primeiro príncipe abertamente gay da Índia, se posicionou contra a “terapia de conversão“. O nobre detalhou sua experiência pessoal com esse tipo de tratamento e narrou uma série de torturas as quais foi submetido no processo, segundo as informações da People.

Ele que se assumiu em 2006, disse ao portal Insider que havia contado aos pais, o Maharaja e Maharani de Rajpipla, que era gay em 2002, o que fez com que eles o levassem a médicos e guias espirituais para “mudar” sua sexualidade. “Eles [os pais] achavam que era impossível que eu pudesse ser gay porque minha educação cultural foi muito rica. Eles não tinham ideia de que não havia conexão entre a sexualidade de alguém e sua criação”, explicou ele. “Eles abordaram médicos para operar meu cérebro para me endireitar e me submeteram a tratamentos de eletrochoque“, afirmou Manvendra. O príncipe ainda disse que, durante o tratamento, se sentiu deprimido e chegou a ter pensamentos suicidas.

Segundo ele, é “importante” que pessoas como ele se posicionem sobre a prática para que a prática seja proibida. “Agora temos que lutar por questões como casamento entre pessoas do mesmo sexo, direito à herança, direito à adoção. É um ciclo sem fim“, afirmou. “Eu tenho que continuar lutando.” O Príncipe teve um casamento arranjado com uma mulher, mas o relacionamento não deu certo. Em 2013, ele casou com seu esposo e os pais o renegaram publicamente. “No dia em que saí, minhas efígies foram queimadas“, relembrou. “Houve protestos, as pessoas saíram às ruas e gritaram slogans dizendo que eu trouxe vergonha e humilhação para a família real e para a cultura da Índia. Houve ameaças de morte e exigências para que eu fosse destituído do meu título.

Mesmo tendo passado por situações dolorosas, Manvendra segue defendendo os direitos da comunidade LGBTQIA+. “Minha decisão de converter meu estabelecimento real em um centro comunitário LGBTQA surgiu da minha própria experiência de vida quando fui deserdado pela família”, disse à BBC. “Isso é exatamente o que acontece com qualquer outra pessoa LGBT na Índia. As pessoas ainda enfrentam muita pressão de suas famílias quando se assumem, são forçadas a se casar ou são expulsas de suas casas. Muitas vezes, elas não têm para onde ir, sem meios para se sustentar”.

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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