Federação Internacional de Natação restringe participação de mulheres trans nas competições femininas

A Federação Internacional de Natação (Fina) anunciou uma nova política que restringe a participação de mulheres trans na modalidade. A regra, que entrou em vigor nesta segunda-feira (20/06), barra de competições internacionais femininas pessoas transgêneros que passaram pela puberdade masculina, ou seja, apenas mulheres trans que completaram sua transição até os 12 anos de idade podem competir.
O argumento da Fina é que o limite de idade para concluir a transição de gênero é necessário para garantir que mulheres trans não tenham vantagem por terem passado pela puberdade masculina, embora a entidade admita que em muitos países não é permitido fazer a transição tão cedo. A Associação Mundial para Saúde de Transgêneros recomenda 14 anos como idade mínima para o processo de transição. “Isso não quer dizer que as pessoas são encorajadas a fazer a transição aos 12 anos. É o que os cientistas estão dizendo, que se você faz a transição após o início da puberdade, você tem uma vantagem, o que é injusto. Eles não estão dizendo que todos devem fazer a transição aos 11 anos; isso é ridículo“, disse James Pearce, porta-voz do presidente da Fina, Husain Al-Musallam, à agência de notícias “AP“.
“Você não pode fazer a transição até essa idade na maioria dos países, e espero que você não seja encorajado a fazer isso. Basicamente, o que eles estão dizendo é que não é viável para pessoas que fizeram a transição para competir sem ter uma vantagem“, continuou James. Na prática, a nova regra da Fina barra praticamente todas as mulheres trans das principais competições da natação, incluindo as Olimpíadas. A mudança de política atinge especificamente a americana Lia Thomas, nadadora trans que disputa competições universitárias e que tinha planos para tentar uma vaga nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
Para Anne Lieberman, diretora da Athlete Ally, organização sem fins lucrativos que advoga pelos direitos dos atletas LGBTs, “os novos critérios de elegibilidade da Fina para atletas transgêneros e atletas com variações intersexuais são profundamente discriminatórios, prejudiciais, não científicos e não estão alinhados com a diretriz do Comitê Olímpico Internacional de 2021 sobre justiça, inclusão e não discriminação com base na identidade de gênero e variações de sexo“.