Marco Pigossi fala sobre autoaceitação e convivência com pai bolsonarista: “Pedia a Deus para me consertar”

No ano passado, o ator Marco Pigossi anunciou publicamente ser gay, revelando seu relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani, com quem já está há quase dois anos juntos. No entanto, ele contou que todo o processo de descoberta foi cercado de solidão e sofrimento. O ator afirmou que na escola e em casa se escondia. Com seus pais, por exemplo, Pigossi disse que nunca teve abertura para conversar sobre o assunto.

Eu rezava, pedia a Deus para me consertar. A homofobia é tão enraizada que, por mais que a gente assuma, ainda vai lidar com o preconceito interno. Vesti a máscara heterossexual, sempre fui observado pela beleza. Fiz esse personagem hétero para me esconder, o que deixou minha vida mais confortável. E sou branco, privilegiado, classe média, filho de médicos. Imagina quem está na favela, é negro…”, disse ele, em entrevista ao jornal O Globo. Na escola, ele não descia para ir ao recreio e até dispensou uma viagem de formatura. O ator confessou que a salvação veio através do teatro. “Conheci corpos gays ali. Era um alívio deixar de ser eu. O que era uma fuga, mas carregada de carga cultural, do despertar como pessoa“, afirmou.

A pessoa que se aceita e está feliz com o que é conhece uma força enorme. Se sente com poder para ocupar espaços. E o encontro com a comunidade é uma corrente bonita, a gente se sente fortalecido, cria um senso comunitário. Porque, no fundo, o que a gente mais quer é pertencer. Como homossexual, sentia que não pertencia a nenhum grupo. Todos esses corpos passam por isso. E quando passam a pertencer… É do caralho!“, acrescentou.

Sobre o seu relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani, ele contou foi apresentá-lo à família: “Com meu pai, é sempre tenso, não há naturalidade. É distante do universo dele, que é eleitor do Bolsonaro. Não que ele ache que ser gay é falta de porrada, mas se vota num candidato desse… Existe um ideal político que distância a gente. Ele nunca vai me pegar pelo braço e se unir nessa causa. Diferentemente do amor incondicional da minha mãe”.

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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