Compositor de “Maria Sapatão” e “Cabeleira do Zezé” lança marchinha de Carnaval exaltando gays: “Sem piada”
Compositor de populares marchinhas de Carnaval, João Roberto Kelly acaba de lançar “Eu sou gay“, em exaltação à população LGBTQIA+. Músicas de João Roberto, como “Cabeleira do Zezé” e “Maria Sapatão”, foram banidas do repertório de alguns blocos de Carnaval por soarem homofóbicas.
“Os gays são os verdadeiros donos do carnaval. Vejo o gay fazendo o carnaval, e todo mundo achando graça do gay… Não acho graça nenhuma. Pelo contrário: acho que eles merecem um elogio, uma homenagem. E sem piada“, disse Kelly ao jornal O Globo. “Veja bem, desde o mais humilde ferreiro que está pregando uma alegoria numa escola de samba menor até os grandes organizadores de bailes famosos, a folia é feita por eles, essencialmente. Não adianta tapar o sol com a peneira“, completa o músico. “Digo sempre: essa bicha não é minha (risos)”, afirma ele, fazendo referência a clássica marchinha “Cabeleira do Zezé“. João Roberto considera injustas as críticas que recebe. Nas ruas, parte dos foliões costuma complementam a sugestiva canção com seguinte palavra: “Bicha“.
“Não sei quem foi que inventou de acrescentar isso na letra, sem minha autorização. Fico muito chateado. É algo que me aborrece“, afirma ele. Segundo João Roberto, a música não feita com a intenção de zoar dos gays. “De homofóbica, não tem nada. A música foi criada em 1964 como uma brincadeira para um garçom cabeludo de um bar no Leme que eu frequentava muito“, explica.
Composta em parceria com o produtor Lucio Mariano e gravada por Carlinhos Madame, “Eu sou gay” embalará, neste ano, o desfile do bloco Confraria do Peru Sadio, com cortejo marcado para a segunda de carnaval, em Copacabana, na Zona Sul do Rio. “Essa é uma música importante para mim. Não sou gay. Tive até fama de pegador no passado (risos). Mas sempre fui muito amigo de travestis e ‘musiquei’ o primeiro show de travestis no Brasil, o espetáculo ‘Les girls’ (na década de 1960), que lançou Rogéria, Divina Valéria, Jane Di Castro, Cláudia Celeste e outras mais“, recorda o músico. “Sempre me perguntam se tive caso com elas. Não tive. Se quisesse ter, teria, sim“, garante ele
“Acompanhei todas as mudanças de comportamento e de liberação sexual ao longo de tantos carnavais. Minhas músicas são crônicas de tudo isso, coisas que eu não tive medo de falar“, frisa o compositor. João acredita que as letras do passado não devem ser julgadas sob a lente do presente. “Na época em que essas letras foram feitas, a cabeça era outra. Isso era tido como uma grande brincadeira. E é isso que penso hoje”.
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