Pessoas LGBTQIA+ com mais de 50 anos têm pior acesso à saúde no Brasil, aponta estudo

Um estudo realizado por pesquisadores do Einstein, da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade de São Caetano do Sul mostrou que a oferta de serviços de saúde no Brasil é desigual, conforme gênero e orientação sexual da  população com mais de 50 anos. A pesquisa apontou uma vulnerabilidade nos cuidados da saúde e no acesso às experiências com os serviços de bem-estar para o grupo que se identifica como LGBTQIA+. 

Chamada “Transformando o invisível em visível: disparidades no acesso à saúde em idosos LGBTs”, a pesquisa entrevistou 6.693 pessoas, sendo 1.332 identificadas como LGBT+. A análise, publicada em artigo científico na revista Clinics, mostrou que 31% do grupo queer estão na pior faixa (quintil) de acesso à saúde no país, enquanto entre a população não-LGBTQ+ a porcentagem é de 18%. Já a população negra LGTBQIA+ tem o pior índice de acesso à saúde, com 41%, enquanto as pessoas brancas da comunidade têm uma pontuação de 29%. Por outro lado, apenas 17% das pessoas cisgêneras e heterossexuais brancas avaliaram como ruim seu acesso à saúde contra 28% da população cis e hétero negra.

Outro dado que a investigação traz é que 74% das mulheres cisgêneras e heterossexuais disseram ter realizado, ao menos, uma mamografia em sua vida, em oposição a apenas 40% das pessoas LGBTQIA+. O número também é menor em exames de câncer de colo de útero: 73% das mulheres cisgêneras e heterossexuais realizaram os procedimentos, enquanto 39% das pessoas LGBTQIA+ relataram terem feito os exames. Em relação à pesquisa precoce de câncer de intestino, 57% das pessoas pertencentes ao grupo não-LGBTQIA+ já havia realizado em algum momento da vida, contra 50% dos LGBTQIA+.

No geral, 53% do grupo LGBTQIA+ não sabe ou não acredita que os médicos estejam preparados para lidar com as particularidades de sua saúde. Ainda de acordo com o estudo, 34% das pessoas LGBTQIA+ com mais de 50 anos acreditam que os profissionais responsáveis por seus atendimentos não conheciam sua identidade de gênero ou orientação sexual. “O acesso à saúde vai muito além do paciente entrar pela porta do nosso serviço. É necessário um atendimento humanizado, um acolhimento, especialmente, desse grupo que sofre com dupla invisibilidade — por ser LGBTQIA+ e idoso”, afirma Milton Crenitte, geriatra do Einstein e um dos autores do artigo.

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Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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