Igreja Lagoinha e a narrativa do gay pedófilo: pastor não é gay no armário

Recentemente fomos impactados com a notícia de que o pastor evangélico Joilson da Silva de Freitas, da igreja Lagoinha Global de Guarulhos, que cuidava da célula de crianças e adolescentes, estaria levando para sua casa adolescentes a fim de cometer atos de estupro. Os acusadores são dois rapazes de 16 e 13 anos de idade os quais eram obrigados a consumir pornografia.

Na mesma semana, o líder do conglomerado de igrejas da instituição Lagoinha, André Valadão, fez um post em suas redes onde diz que Deus odeia o orgulho e que os evangélicos devem odiar o orgulho que LGBTs sentem de suas afirmações, porque é pecado. O polêmico post vem com um vídeo em que Valadão, pregando em sua igreja, aos berros, pede que fiéis odeiem gays.

É importante frisar que uma das premissas do cristão homofóbico é associar o LGBT, em especial homens gays, a pedófilos, tornando a identidade em uma figura criminosa, para gerar afastamento social. Essa narrativa é sustentada não apenas para fomentar a ideia do gay pedófilo, como para tornar a imagem do cristão hétero indefectível, incapaz de cometer atrocidades, sendo ele o único exemplo possível de homem.

Associar o pastor pedófilo que abusa de meninos jovens a gay no armário só reforça o estereótipo de que gays que ainda não declararam sua sexualidade são problemáticos e anula a responsabilidade unilateral do pastor enquanto criminoso e estuprador. Joilson é casado e tem um filho recém-nascido e sua orientação sexual não infere nas suas atitudes criminosas.

Estes dois casos, exatamente no mês do orgulho, cai como uma pedra sob a cabeça de Valadão, que não planejou ter um pastor de sua congregação preso por crime de pedofilia na semana de seu post infeliz, muito mais pelo fato de ele ter possivelmente abusado de meninos do por estar cometendo um crime, em si. A falsa ideia de o pastor ser gay é um alívio para a Lagoinha, porque isso justificaria seus atos, visto que, para o evangélico, estuprar tem perdão, basta se arrepender. Ser gay não, porque Deus odeia o orgulho.

Bee 40tona

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