Allan do filme “Barbie” só queria sair do armário – spoilerzinho
Allan foi idealizado em 1964, recebendo o nome em homenagem ao genro da co-fundadora da Mattel, Ruth Handler. Ele foi vendido como melhor amigo de Ken, tão amigos que eles até podiam dividir o mesmo guarda-roupa, já que os looks de Ken também poderiam servir em Allan, fazendo com que o público o associasse a um “namorado de Ken” ou que tivesse a ideia de um personagem homossexual.
Curiosidades à parte, Allan, interpretado por Michael Cera, surge como o único boneco que não tem um corpo padrão, ele veste roupas largas e não tem a autoestima do gay branco sarado. Ele é o único homem da trama que está do lado das meninas na tentativa de salvar a Barbieland do patriarcado e para isso, até veste o macacão rosa de guerra na hora da revolução.
No momento em que Gloria, personagem de America Ferrera, tenta sair da Barbieland com sua filha, Allan aparece no carro rosa na tentativa de fugir daquele mundo junto com elas, mas, por uma adversidade, eles precisam voltar e Allan diz: “Eu nunca sairei desse mundo”, uma clara alusão à saída do armário e à sensação de não pertencimento. Lembrando que só existe um Allan em toda a Barbieland, ou seja, solitário.
Ainda na tentativa de fugir com as meninas para o mundo real, ele enfrenta um time de trabalhadores que estavam construindo um muro para evitar novas fugas, ele bate em todos, luta bravamente contra homens fortes héteros em mais uma clara alusão aos enfrentamentos de jovens gays na tentativa de saírem do armário e serem oprimidos pela cisnormativismo.
Infelizmente Allan não sai de seu mundo encantado, mas se alia às meninas para que esse mundo seja um lugar melhor e mais inclusivo para mulheres – e consequentemente para ele, que não é padrão, que não anda com os meninos da turma, nem atende aos critérios do patriarcado quando Ken domina o lugar. Mas deixa uma lição subliminar para todos os LGBTs: pertencer é conquistar e para isso, tem que lutar. Hi, Allan!