Primeira escola do mundo para estudantes trans completa 12 anos

Na Argentina, entre as 12 mil escolas de ensino média, apenas uma, o “Bachillerato Popular Travesti-Trans Mocha Celis”, é exclusivamente para jovens trans. A instituição nasceu em 2011 com a missão de promover a igualdade trans e não binária na educação formal e foi o primeiro desse tipo no mundo. A escola leva esse nome em homenagem a Mocha Celis, trans assassinada no bairro Flores em circunstâncias nunca esclarecidas.

Hoje, doze anos depois de sua inauguração, o “Mocha”, como carinhosamente o chamam seus alunos, conta com 290 alunos do ensino médio: “Começamos com um projeto para que a população trans conclua o ensino médio. Com o passar do tempo fomos crescendo e, após a pandemia, nos tornamos uma associação civil com onze programas e projetos que funcionam em coordenação com a escola”, disse Francisco Quiñones Cuartas, criador e diretor da escola, ao LGBTQNation.

Os criadores do Mocha Celis costumavam visitar as áreas onde se praticava a prostituição em busca de estudantes. Nos primeiros anos, as aulas eram ministradas no período da tarde para que o ensino não se sobrepusesse ao horário de trabalho noturno. “A obtenção do diploma do ensino médio é o primeiro passo para que muitas pessoas trans tenham acesso a uma vida melhor. Depois, poderão aspirar a conseguir um emprego e a melhorar as suas condições de vida”, completa.

“O trans e o não binário encontraram um lugar. As mesmas escolas expulsaram muitos colegas. Por que eles os expulsaram? Obrigaram-nos a ir a um banheiro que não lhes pertencia; chamavam-nos pelo nome que constava no documento de identificação e não pelo nome que sentiam, e discriminavam-nos. Há alguns anos, a educação era impensável para eles. Os alunos batizaram Mocha Celis como “a escola da ternura” porque oferece um lugar de amor, carinho e apoio. Hoje, eles esperam estudar, cursar uma universidade e trabalhar. Eles perceberam que era possível.”

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