Consciência Negra: Unaids alerta para o impacto do racismo estrutural na resposta ao HIV
Em celebração ao Dia da Consciência Negra, comemorado anualmente no dia 20 de novembro, o Unaids celebrou a cultura, conquistas e potência da população preta. Ao mesmo tempo, fez um alerta que as desigualdades e o racismo estrutural têm um impacto desproporcional sobre esta população, incluindo na resposta ao HIV e à Aids.
Os dados oficiais são da segunda edição do Boletim Epidemiológico Saúde da População Negra, lançado recentemente pelo Ministério da Saúde, e mostram que pessoas negras são as mais impactadas com pelas novas infecções por HIV e evolução para a AIDS. Em 2021, quando considerados os casos de AIDS na faixa de menores de 14 anos, a proporção de pessoas negras foi superior a 70% (6,3% de pessoas pretas e 64,9% de pessoas pardas).
Para jovens de 15 a 29 anos, a proporção de casos de AIDS em pessoas negras é de 63,7% (13,2% de pretos e 50,5% de pardos). Na última década, houve um aumento de 7,9% nas mortes em decorrência da AIDS. Foram de 52,6% em 2011 para 60,5% em 2021. Quando o racismo se cruza com a questão de gênero, observa-se que mulheres negras e pardas também estão entre as mais vulneráveis. O número de casos de HIV entre pessoas grávidas pretas e pardas saiu de 62,4%, em 2011, para 67,7%, em 2021. Mulheres e jovens de 15 a 29 anos representaram 69,6% destas notificações.
“Temos até 2030 para acabar com a aids como ameaça à saúde pública, e os números nos mostram que precisamos evoluir mais rapidamente em respostas eficazes, que incluam a população negra do Brasil, historicamente a mais vulnerável no acesso aos serviços de saúde”, destaca Claudia Velasquez, diretora e representante do Unaids no Brasil. “A riqueza cultural e ancestral da população negra brasileira deve ser celebrada em todas as suas especificidades, e o Unaids segue trabalhando de perto com esta população para garantir que que ninguém fique para trás”, finaliza ela.