Jogador de vôlei de praia denuncia ataques homofóbicos durante jogo: “Usa calcinha”

Mais um episódio de homofobia nos esportes. Desta vez, a vítima foi o jogador de vôlei Anderson Melo, durante a 2ª etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife, Pernambuco, na última quinta-feira (14/03). Os ataques, no entanto, vieram a público neste sábado (16/03), depois que o jogador se manifestou sobre o ocorrido e compartilhou os vídeos nos quais era possível ouvir algumas pessoas que assistiam à partida diziam coisas como “saca na bicha”, “é mulher” e “usa calcinha”.

O jogador se manifestou nas redes sociais. Ele lamentou as ofensas ao dizer que “primeira vez tiraram meu sorriso e as palavras”. “Não sei se vão ler meu texto todo por não ser um atleta conhecido mundialmente, não sei se serei ouvido como gostaria, eu só sei que estou sem chão e pela primeira vez tiraram meu sorriso e as palavras, mas vou tentar”, começou o jogador carioca, de 32 anos. “Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir“.

O atleta contou que perdeu a mãe em agosto do ano passado e ainda está em processo de luto. “Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. E infelizmente ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém. Me senti completamente acoado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo. Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos é claro, mas não necessariamente tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém“, continuou ele.

Anderson procurou a delegacia local e registrou boletim de ocorrência. Ainda na postagem, ele apelou para que algo seja feito. “Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e assim como eu todos tem o direito de serem respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém“.

Em nota, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) se manifestou sobre o ocorrido. A entidade lamentou e repudiou o ataque, e disse que iria protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia local. “A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade“, diz trecho da nota.

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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