Estudo mostra aumento de 970% de violência contra pessoas LGBTQIA+ em São Paulo

Um levantamento inédito promovido pelo Instituto Pólis mostrou a escalada da violência contra pessoas LGBTQIAPN+ na cidade de São Paulo. Realizado a partir da consulta a bancos de dados públicos, das áreas de saúde e segurança, e obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, o apanhado revela que entre 2015 e 2023 houve aumento de 970% do total de notificações de violência contra pessoas LGBTQIAPN+ pelos serviços de Saúde. Já na área da Segurança Pública, o aumento dos boletins de ocorrência LGBTfóbica entre 2015 e 2022 foi de 1.424%.

Entre 2015 e 2023 houve registros de ocorrências policiais envolvendo 3.868 vítimas, segundo os dados da Segurança Pública, enquanto 2.298 casos de violência foram registrados pela Saúde. A maioria dos casos dos espaços de saúde foram registrados nas regiões periféricas da cidade, sendo o distrito do Itaim Paulista o com o maior número de notificações (123 vítimas), em seguida Cidade Tiradentes (103), Jardim ngela (100), Jardim São Luís (75), Capão Redondo (75) e Grajaú (65). Já o maior número de registros da Polícia civil ocorreram na região central: República (160 vítimas), Bela Vista (102) e Consolação (96). Na sequência, aparecem Itaquera (82), na zona leste, e Vila Mariana (79), na zona centro-sul.

De acordo com o estudo, 55% das vítimas de violências LGBTfóbicas são pessoas negras; 79% das vítimas de LGBTfobia por agressores policiais são pessoas negras; 69% do total de vítimas de LGBTfobia têm até 29 anos; Homens, jovens e negros são maioria entre as vítimas de violência física; 45% das ocorrências LGBTfóbicas notificadas pelos serviços de saúde são resultantes de violências físicas, 29% de violências psicológicas e 10% sexuais; 49% das vítimas de LGBTfobia atendidas pelos serviços de saúde sofreram violência dentro de casa; 60% das vítimas foram agredidas por familiares ou pessoas conhecidas.

“Os dados mostram que o quadro preocupante de violência LGBTfóbica e o aumento da sua notificação nos últimos anos tem recortes territoriais, de gênero, racial e etário”, afirma o diretor-executivo do Instituto Pólis, Rodrigo Iacovini. “Isso nos dá pistas do que o poder público precisa fazer de diferente e mudar em termos de políticas”, afirma Iacovini. “É o aperfeiçoamento, por exemplo, em torno da segurança pública da população LGBT na região central de São Paulo, do atendimento às mulheres lésbicas, bissexuais e trans que, muitas vezes, sofrem mais com a violência doméstica”, completa.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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