Luto no Sertão: morte de vaqueiro hétero que desafiou a LGBTfobia em Pernambuco gera revolta

Na noite do último sábado (30/11), o Sertão de Pernambuco foi marcado por um crime brutal que abalou profundamente a cidade de Floresta. O vaqueiro Walmir Calaça, conhecido carinhosamente como “Chapada”, foi assassinado a tiros no centro da cidade, nas proximidades da Academia Pernambuco. Aos 58 anos, Walmir teve sua vida interrompida de forma violenta, sem que até o momento se soubesse o motivo do crime. A tragédia aconteceu por volta das 19h, e, apesar das tentativas de populares em socorrê-lo ao Hospital Coronel Álvaro Ferraz, Walmir chegou sem vida à unidade de saúde.

Chapada, como era conhecido, não era apenas um vaqueiro tradicional do Sertão, mas também uma figura importante na luta por respeito e inclusão. Sua conexão com a cultura sertaneja e sua postura de apoio à comunidade LGBTQIAPN+ o tornaram uma personalidade única na região. Em 2023, ele ganhou reconhecimento nacional ao carregar a bandeira do movimento durante a Missa do Vaqueiro, em Serrita, um gesto simbólico que desafiou preconceitos e mostrou a coragem de um homem disposto a fazer a diferença. “Esse é o pedaço de pano mais pesado que já carreguei, mas eu não deixei de carregar, porque isso vai abrindo a cabeça de alguém”, declarou na época, em entrevista ao Portal UOL.

A atitude de Chapada em prol da diversidade nasceu da empatia. Ele se inspirou no massacre da boate Pulse, em Orlando, onde 49 pessoas LGBTQIAPN+ perderam a vida, e resolveu levantar sua voz contra a intolerância que ainda permeia muitas cidades do interior. Seu gesto não foi apenas um ato simbólico, mas também um convite ao diálogo e à reflexão, demonstrando que mudanças podem ser provocadas por pequenas ações de coragem e compaixão.

O assassinato de Walmir Calaça, portanto, chocou a comunidade local não só pela violência, mas pela perda de uma personalidade que, além de ser um vaqueiro respeitado, se tornou um defensor da igualdade e do respeito aos direitos humanos. A Polícia Civil iniciou as investigações para esclarecer as circunstâncias do crime e pede que qualquer informação seja encaminhada à delegacia local. O corpo de Walmir foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal, enquanto amigos e familiares aguardam por respostas e clamam por justiça.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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