Monge católico que vive como eremita declara ser homem trans: “Vocês têm que lidar conosco”

Christian Matson, monge católico que vive como eremita (religioso que usa hábito e se dedica a orações silenciosas) em Kentucky (EUA), declarou ser um homem trans no último domingo (19/05), em um evento inédito no Igreja Católica. Aos 39 anos, Matson escolheu dar a notícia no dia de Pentecostes, que comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo e sua mãe, Maria.

“Vocês têm que lidar conosco, porque Deus nos chamou para esta igreja”, disse Matson ao portal Religion News Service. “Não é da sua igreja que devemos ser expulsos – esta é a igreja de Deus, e Deus nos chamou e nos inseriu nela”. O religioso disse que pediu permissão ao bispo da Diocese de Lexington, John Stowe, antes de declarar para a comunidade religiosa que é um homem trans.

“Minha disposição de estar aberto a ele é porque é uma pessoa sincera que busca uma maneira de servir a igreja”, disse Stowe. “Os eremitas são uma forma de vida religiosa raramente usada, mas podem ser homens ou mulheres. Como não há busca pelo sacerdócio ou envolvimento no ministério sacramental, e porque o eremita é um tipo de vocação relativamente quieto e isolado, não vi nenhum mal em deixá-lo viver esta vocação”.

Matson teve uma longa jornada para encontrar seu lugar na igreja. Cresceu na Igreja Presbiteriana (EUA), mas converteu-se ao catolicismo em 2010, quatro anos após a sua transição de gênero. Ele se interessou pelo catolicismo enquanto cursava pós-graduação na Loyola University Maryland. “Foi a minha primeira vez num ambiente católico – fiquei muito atraído pela beleza da liturgia, mas também pela abordagem jesuíta à educação, que é o cuidado da pessoa como um todo”, disse ele ao Lexington Herald Leader.

O anúncio é polêmico. Em Abril, o Vaticano publicou uma declaração de 20 páginas que discutia a visão da Igreja Católica sobre pessoas trans. A carta, aprovada pelo Papa Francisco e batizada de “Dignidade Infinita”, dizia que Deus criou homens e mulheres como biologicamente diferentes no seu plano, que ninguém deveria mudar ou “tornar-se Deus” através de cirurgia ou tratamento de afirmação de gênero.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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