Brasil fica fora de acordo que permite produção da versão genérica da vacina contra o HIV
A farmacêutica Gilead Sciences revelou nesta quarta-feira uma iniciativa revolucionária para ampliar o acesso ao seu novo medicamento contra o HIV, o lenacapavir. A empresa firmou acordos com seis fabricantes de medicamentos genéricos na Ásia e no Norte da África, permitindo a produção e venda do remédio a preços reduzidos em 120 países, incluindo aqueles da África Subsaariana, região que registra as maiores taxas de infecção pelo HIV. O lenacapavir, uma injeção semestral com quase total eficácia na prevenção do vírus, é considerado uma solução potencial para erradicar a pandemia de HIV.
Apesar do avanço, o acordo exclui vários países de renda média e alta, como Brasil, Colômbia, México, China e Rússia, que juntos representam 20% das novas infecções globais por HIV. Nessas regiões, a Gilead venderá sua versão do medicamento a preços mais elevados, gerando preocupações sobre o crescente abismo no acesso à saúde. A exclusão de países como Brasil, que participaram dos ensaios clínicos do medicamento, causou surpresa e críticas de especialistas, incluindo Mitchell Warren, diretor executivo da organização AVAC.
Warren destacou que milhares de pessoas em países como Brasil e Argentina participaram dos estudos que comprovaram a eficácia do lenacapavir. “Esses ensaios ocorreram em locais onde as epidemias são mais severas, e ainda assim esses países estão sendo deixados de fora do acesso mais barato”, comentou Warren. A Gilead defende que o plano de licenciamento voluntário segue os critérios de renda per capita definidos pelo Banco Mundial, priorizando os países mais pobres para garantir a acessibilidade ao medicamento.