“Maré Alta”: filme estrelado por Marco Pigossi foi inspirado em famosa praia de nudismo gay

O cineasta italiano Marco Calvani, marido do ator brasileiro Marco Pigossi, compartilhou detalhes sobre a inspiração por trás de seu primeiro filme, Maré Alta. Em entrevista ao site Queerty, Calvani revelou que a ideia para o título do longa surgiu durante uma visita a uma praia de nudismo gay em Provincetown, cidade dos Estados Unidos famosa por atrair o público LGBTQIA+. A visita ocorreu em 2019, quando o diretor foi encontrar amigos na cidade, e ele conta que a experiência acabou proporcionando uma “descoberta enorme e maravilhosa” que influenciaria diretamente a criação do filme.

Calvani descreve com entusiasmo a jornada para chegar à praia. “Para chegar lá, você tem que andar pelos pântanos e depois tem as dunas que separam um lado da praia e o outro, que é retratado no filme”, comentou. Ele relembra, ainda, o impacto visual que o local lhe causou: “Naquele dia, vi o fundo das dunas cheio de água. No dia seguinte, voltei e estava completamente seco – eram as marés, claro. Mas pensei: ‘Meu Deus, isso é tão dramático, essa é uma ótima cena de filme'”. Essa forte impressão visual e simbólica se transformou no título e tema central de Maré Alta, que explora as oscilações emocionais e as marés na vida de seus personagens.

Em 2020, com a chegada da pandemia de covid-19, Calvani decidiu se isolar em Provincetown, a convite de um amigo, após a cidade de Nova York, onde ele morava, ficar praticamente vazia. “Achei que ficaria 10 dias e acabei ficando seis meses”, disse o diretor. Durante esse período de isolamento, ele revisitou as memórias da praia e das marés e percebeu que Maré Alta precisava ser filmado ali. “A memória das marés e tudo voltou, e simplesmente pareceu certo, porque a posição geográfica e o formato de Provincetown parecem estar no fim do mundo de alguma forma”, explicou.

Maré Alta conta a história de Lourenço, interpretado por Marco Pigossi, um brasileiro indocumentado que se encontra em Provincetown após ser deixado pelo companheiro. Em meio a esse cenário de solidão e isolamento, Lourenço conhece Maurice (James Bland), que o ajuda a reconectar-se com a vida. A cidade litorânea, descrita por Calvani como um “pedaço de terra muito fino” e de difícil acesso, serve como pano de fundo para as angústias do protagonista e as próprias reflexões do diretor sobre isolamento e reconexão.

Após ser bem recebido em festivais internacionais, Maré Alta ainda não tem data de estreia no circuito comercial brasileiro, mas já gerou grande expectativa entre os fãs de Pigossi e do cinema independente LGBTQIA+. A crítica destaca o filme pela sensibilidade ao abordar questões de identidade, imigração e superação pessoal, traçando um paralelo entre as marés de Provincetown e as marés emocionais do protagonista.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

Você vai curtir!