Escultor denuncia intolerância religiosa e homofobia após pichações porta de casa no RJ

João Júnior, escultor especializado em trabalhos religiosos voltados para cultos de religiões de matriz africana e símbolos da Igreja Católica, foi alvo de ataques homofóbicos e de intolerância religiosa em seu apartamento, localizado em um condomínio em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. No dia 18 de setembro, ele encontrou diversas pichações com ofensas na porta de sua residência. As mensagens, que incluíam termos como “bruxo”, “filho do diabo” e “via*o dos infernos”, estavam relacionadas ao seu trabalho artístico, que frequentemente envolve o transporte de esculturas religiosas entre o apartamento e o estacionamento do prédio.

“Bruxo, filho do diabo, servo de Satanás. Pegue suas imagens (sic) e suma do nosso condomínio. Ou vamos invadir e quebrar tudo. Depois, queimar em nome de Jesus. Viado dos infernos”, diziam as pichações na porta do apartamento dele, segundo imagem exibida no RJTV, da Globo. João, que segue o candomblé, acredita que sua arte foi a motivação dos ataques. O escultor, que havia se mudado recentemente para o local, revelou estar sentindo medo até hoje, apesar de as pichações já não estarem mais presentes. “Aterrorizante, né? Um medo que invade e é algo que vai te consumindo com o tempo”, desabafou ao RJTV, contando que, em um momento, chegou a dormir na casa de sua irmã para tentar lidar com o trauma.

O condomínio, por sua vez, informou que as câmeras de segurança estavam desligadas devido a uma queda de energia no dia dos ataques. Posteriormente, a administração explicou que as câmeras estão sendo instaladas, e que repudia veementemente as atitudes discriminatórias. No entanto, a falta de registros das câmeras tornou difícil identificar os responsáveis pela ação. Em entrevista à TV Globo, o condomínio afirmou estar colaborando com as investigações da Polícia Civil, que já registraram o caso na delegacia de Madureira.

A investigação, conduzida pela 29ª DP (Madureira), busca esclarecer as circunstâncias e as motivações dos ataques, com a polícia trabalhando para identificar os autores. João Júnior, em entrevista, refletiu sobre como o medo gerado pela violência impactou sua visão de futuro e seus planos pessoais, dizendo que a situação afetou seus sonhos e limitações. “Isso me fez me limitar. O medo me limitou de saber até onde eu posso ir”, afirmou. O escultor segue buscando justiça e um ambiente de maior respeito e segurança para a comunidade LGBTQIAPN+ e religiosa.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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