Há 12 anos, RuPaul fezia previsão sobre a política americana… e agora ela se tornou realidade
Quando se trata de decifrar os altos e baixos da política e da cultura americana, poucos têm a perspicácia de RuPaul. Em uma entrevista de 2013 com a lendária Joan Rivers, a drag queen icônica demonstrou uma visão aguçada sobre as oscilações culturais dos Estados Unidos. Na época, o país vivia o segundo mandato de Barack Obama, um período que muitos acreditavam ser o início de uma era liberal duradoura. A eleição de Obama parecia consolidar uma coalizão progressista, com até mesmo os republicanos reconhecendo a necessidade de se tornarem mais inclusivos, especialmente em relação ao eleitorado LGBTQIAPN+. Mas RuPaul, sempre à frente do seu tempo, duvidava que essa abertura fosse permanente. Ele comparou a cultura a “janelas” que se abrem e fecham, citando o sucesso de seu programa “Drag Race” como um reflexo desse momento de abertura.
RuPaul não estava errado. O programa, que estreou em 2009, tornou-se um fenômeno cultural e ajudou a impulsionar a visibilidade e a aceitação de LGBTs durante a década de 2010. Marcas, corporações e a mídia abraçaram a diversidade, e “direitos gays” se tornaram um tema mainstream. No entanto, Ru alertou que essas janelas de progresso não permanecem abertas para sempre. “Elas abrem, elas fecham”, disse ele, lembrando que momentos semelhantes de abertura ocorreram nos anos 1960, 1970 e 1990, mas sempre foram seguidos por retrocessos. Sua previsão se mostrou profética: em 2016, a eleição de Donald Trump marcou uma reação conservadora ao legado de Obama.
Apesar da vitória de Trump em 2016 e do aumento de seu apoio em 2020, a cultura popular não seguiu o mesmo caminho. Iniciativas de diversidade e representatividade LGBTQIAPN+ continuaram a ganhar espaço, e a comunidade manteve sua influência política, com a esmagadora maioria dos votos LGBTs indo para os democratas. No entanto, RuPaul havia previsto algo mais sutil: o ressurgimento de um conservadorismo “cool”, especialmente entre certos grupos, como homens gays brancos. Ele comparou esse fenômeno aos anos 1980, quando até mesmo membros da comunidade adotaram posturas conservadoras.
Hoje, enquanto a comunidade LGBTQIAPN+ continua a lutar por direitos e representação, as palavras de RuPaul servem como um lembrete de que o progresso não é linear. A política e a cultura são como um pêndulo, oscilando entre abertura e fechamento. RuPaul, com sua sabedoria característica, nos ensina a celebrar as vitórias, mas também a estar preparados para os desafios que sempre podem surgir. Afinal, como ele mesmo disse, “essa é a história da humanidade”. E, como sempre, Mama Ru estava certa.
i love love love how succinctly rupaul explains political shifts in america and already knew we would be where we are now in 2025 pic.twitter.com/3vTEFPPjPo
— fem top (@gayandold) January 26, 2025