Jasmim Ramos, jovem trans de 18 anos, é escolhida para interpretar Erika Hilton em cinebiografia

A cinebiografia da deputada federal Erika Hilton, uma das figuras mais emblemáticas da luta LGBTQIAPN+ no Brasil, ganhou sua protagonista: Jasmim Ramos, de 18 anos, moradora da periferia de São Paulo. Selecionada entre mais de 400 candidatas de todo o país, Jasmim impressionou a produção do filme “House of Hilton” não apenas pelas semelhanças físicas com a parlamentar do PSOL, mas também por sua história de vida. Assim como Erika, ela é de família evangélica, foi criada na igreja e se descobriu transexual durante a adolescência. A jovem, que acabara de sair do ensino médio e fazia bicos em um salão de beleza, foi convencida por um amigo a tentar o papel, que mudaria sua vida.

Dirigido por Chica Andrade, o longa-metragem tem lançamento previsto para o início de 2026 e mistura elementos documentais com cenas ficcionalizadas da infância e adolescência de Erika Hilton. O elenco inclui nomes como Adriana Lessa, Pepita e Verônica Valenttino, primeira transexual a receber o prêmio Shell de melhor atriz. A diretora revelou que já havia concluído o casting quando uma funcionária da produção mencionou Jasmim. “Olhei a foto e falei: manda ela aqui”, contou Andrade à Folha de S. Paulo. “Ela chegou tímida, com uma bolsa da Angela Davis, dizendo que tinha o sonho de ser jornalista. Me pareceu uma menina muito inteligente, madura para a idade, com muita consciência de mundo.”

Apesar da falta de experiência em atuação, Jasmim surpreendeu a equipe durante os testes. “Impressionou todo mundo. Decorava os textos, mas também improvisava, menos querendo imitar a Erika que tentando entender o que tinha de transmitir em cada cena”, afirmou a diretora. A produção chegou a enfrentar um desafio burocrático: Jasmim tinha 17 anos na época da seleção, e a autorização judicial para menores de idade trabalharem em projetos audiovisuais não foi concedida. A solução foi esperar que ela completasse 18 anos, em 24 de dezembro, para iniciar as gravações em janeiro.

Para Jasmim, as cenas mais desafiadoras foram as que envolviam a religião, tema central na vida de Erika Hilton. “Eu me falei: ‘Será que vou conseguir fazer?’ Porque eu já fui evangélica. Eu cantava em louvores, pregava. Muitas coisas me pegavam”, revelou a jovem, referindo-se a uma das cenas mais impactantes do filme, que retrata um exorcismo vivido pela deputada. A cinebiografia promete não apenas celebrar a trajetória de Erika Hilton, mas também revelar ao público o talento de Jasmim Ramos, uma jovem que carrega consigo histórias de resistência e superação.