Mulher que agrediu casal gay em padaria de São Paulo é condenada à prisão por injúria racial
A Justiça de São Paulo condenou Jaqueline Santos Ludovico a dois anos e quatro meses de prisão por injúria racial e ofensas homofóbicas contra o jornalista Rafael Gonzaga e seu namorado, Adrian Grasson Filho, em um episódio ocorrido em fevereiro de 2024 na Padaria Iracema, no Centro da capital paulista. Durante a agressão, Jaqueline foi filmada proferindo frases como “Eu sou mais macho que você”, “viados” e “você não é homem”, além de partir para a agressão física, deixando um dos rapazes com o nariz sangrando.
Rafael Gonzaga celebrou a decisão judicial como um marco simbólico no combate à LGBTQIA+fobia. “É muito importante, muito simbólica para nós essa condenação porque ela passa o recado para toda a sociedade de que homotransfobia é crime e vai ser tratada como tal nesse país. Ainda que as penas sejam irrisórias em comparação ao sofrimento causado, a condenação é uma forma de reconhecimento do Estado de que homotransfobia não é mimimi, não é brincadeira, não é mais um comportamento negociável.“, afirmou.
Jaqueline e sua amiga Laura Athanassakis Jordão foram denunciadas pelo Ministério Público por injúria racial, ameaça e lesão corporal, mas apenas Jaqueline foi condenada – Laura foi absolvida por falta de provas concretas sobre sua participação nas agressões. A juíza Ana Helena Rodrigues Mellim, da 31ª Vara Criminal, substituiu a prisão por penas alternativas: prestação de serviços à comunidade e pagamento de indenização total de R$ 21,9 mil às vítimas, incluindo multas e danos morais.
A magistrada destacou que as imagens não comprovam quem causou as lesões, mas confirmou o teor discriminatório das ofensas. A defesa de Jaqueline anunciou recurso, alegando que “o contexto emocional e as provocações misóginas sofridas por ela não foram devidamente considerados”. “A própria sentença reconhece que ela foi ofendida com xingamentos misóginos antes de qualquer reação de sua parte. Nosso compromisso é com a verdade dos autos, e com a justiça que se constrói com equilíbrio — não com julgamentos públicos parciais”, afirmou