Adolescente é internada após sofrer bullying racista e homofóbico em colégio de São Paulo
Uma adolescente de 15 anos, bolsista do 9º ano do Colégio Mackenzie, em São Paulo, está internada em um hospital público após um grave episódio de bullying racista e homofóbico dentro da escola. A jovem, que estuda na instituição desde 2024 por meio de uma bolsa filantrópica, foi encontrada desacordada no banheiro do colégio na última terça-feira (29/04). Segundo relatos exclusivos obtidos pelo portal Mundo Negro, a estudante era constantemente xingada com termos como “lésbica preta” e “cigarro queimado” e teria sido vítima de um vídeo íntimo vazado por um colega mais velho.
A mãe da aluna revelou que a filha sofria há meses com ameaças e manipulação emocional por parte de colegas, em relações que ela classificou como “amizades abusivas”. Em entrevista ao Mundo Negro, a família afirmou que a jovem foi coagida a participar de situações humilhantes para ser aceita no grupo. Um dos momentos mais traumáticos envolveu a gravação não consensual de um vídeo íntimo, que teria sido usado para ameaçá-la. “Ele disse que acabou com a reputação dela”, contou a mãe, que encontrou mensagens perturbadoras no celular da filha.
Apesar dos repetidos alertas enviados à escola, inclusive por e-mail em 2023, a mãe denuncia que o Mackenzie ignorou os pedidos de ajuda. “A coordenadora dizia que isso não acontecia na escola”, desabafou. Após a internação, a instituição enviou uma psicóloga e um coordenador ao hospital, mas, segundo a família, nenhuma medida concreta foi tomada. Em nota, o colégio afirmou que “não há confirmação” sobre os casos de racismo e homofobia e que aguarda a versão da aluna — que segue em estado grave, dividindo ala com pacientes terminais.
Enquanto a adolescente aguarda transferência para um tratamento adequado, a mãe exige responsabilidade da escola: “Foi dentro do colégio que tudo aconteceu, então eles têm responsabilidade. Minha filha precisa de tratamento digno”. Por fim, a instituição de ensino afirmou apurar “todas as informações que possam elucidar a ocorrência”. “A aluna será ouvida assim que estiver em condições de se pronunciar no ambiente pedagógico”.
Nota do Colégio Presbiteriano Mackenzie
O Colégio foi surpreendido com uma aluna do 90 ano que foi encontrada precisando de auxílio no banheiro do Mackenzie. O primeiro atendimento foi realizado pelo bombeiro civil, juntamente com a médica pediatra do colégio.
A aluna foi encaminhada à Santa Casa pela ambulância do próprio colégio, acompanhada pela coordenação pedagógica e pela pediatra.
O contato e o apoio à família têm sido contínuos.
A orientação educacional e a psicóloga escolar, que já acompanhavam a aluna e sua família, seguem prestando suporte. A direção e a coordenação acolheram a mãe presencialmente minutos após o ocorrido, nos dias seguintes e continuam acompanhando a situação de perto.
Nos últimos dias, algumas ilações sobre o episódio têm sido divulgadas, muitas delas desprovidas de fundamento. Em respeito à aluna e à sua família, optamos por não alimentar especulações. Todo o acompanhamento está sendo conduzido com responsabilidade, cuidado e discrição, diretamente entre as partes envolvidas. Não é possível afirmar quais foram as causas do evento. Trata-se de uma adolescente que goza de todo o respeito, dignidade e consideração por parte do Colégio, assim como todos os nossos alunos. Internamente, estamos apurando todas as informações que possam elucidar a ocorrência. A aluna será ouvida assim que estiver em condições de se pronunciar no ambiente pedagógico.