Justiça da Espanha absolve um dos acusados de espancar jovem gay brasileiro até a morte
A Justiça espanhola anunciou nesta quarta-feira (22/05) a absolvição, por falta de provas, de um dos quatro réus inicialmente condenados pelo assassinato de Samuel Luiz, jovem gay brasileiro brutalmente espancado até a morte em 2021, na Galiza. O Tribunal Superior de Justiça da Galiza (TSXG) decidiu, em apelação, revogar a sentença de dez anos de prisão dada a Alejandro Míguez, por entender que não há evidências suficientes que comprovem sua participação direta ou indireta no crime que abalou a Espanha.
De acordo com o comunicado oficial do tribunal, “não há provas de que Alejandro tenha participado da agressão”, ressaltando que nenhuma testemunha o viu agredir a vítima, impedir que recebesse ajuda ou dificultar sua fuga. A decisão contrasta com a sentença mantida para os outros três envolvidos no ataque. Um deles, identificado como o autor principal, seguirá cumprindo pena de 24 anos de prisão, agravada pela motivação homofóbica; os outros dois, 20 anos cada.

Samuel Luiz, de 24 anos, era auxiliar de enfermagem e vivia na cidade galega de Corunha. Na madrugada de 3 de julho de 2021, ele foi espancado por um grupo de pessoas após sair de uma boate, em um ataque que o primeiro-ministro Pedro Sánchez classificou na época como “selvagem e implacável”. Segundo a investigação, o principal agressor acreditou, erroneamente, que Samuel o estava filmando com o celular e iniciou a violência gritando: “Pare de gravar, eu vou te matar, seu viado.”
O assassinato provocou uma onda de comoção e revolta em toda a Espanha, com protestos em dezenas de cidades exigindo justiça e o fim da violência contra pessoas LGBTQIAPN+. Mesmo com a recente absolvição de um dos acusados, o caso continua sendo um marco doloroso e simbólico na luta contra a homofobia no país, lembrando o quanto ainda é urgente combater o ódio e garantir a segurança de corpos dissidentes.