Homem que se diz ex-gay pode ser preso por promover “cura” da homossexualidade

A terapia de conversão, prática amplamente repudiada e associada a traumas profundos na comunidade LGBTQIAPN+, voltou a ser assunto nas manchetes internacionais após o caso de Matthew Grech, um homem de Malta que se autodeclara ex-gay. De acordo com a Christian Broadcasting Network (CBN), ele pode enfrentar até cinco meses de prisão por “anunciar as chamadas práticas de conversão” durante sua participação no programa local Pmnews Malta.

No programa, Grech falou abertamente sobre sua decisão de “deixar a comunidade LGBTQIAPN+” e sobre o trabalho que desenvolve com uma organização voltada a “ajudar” pessoas a lidarem com desejos homoafetivos e confusão de gênero “indesejados”. Malta, no entanto, possui uma das legislações mais rígidas do mundo contra esse tipo de prática. Desde 2016, o país europeu proíbe qualquer tentativa de “mudar, reprimir ou eliminar a orientação sexual, identidade de gênero e/ou expressão de gênero de uma pessoa”, impondo multas e penas de prisão a infratores.

Após a veiculação da entrevista, Grech foi denunciado à polícia e já enfrenta sua 12ª audiência criminal. O veredito está previsto para outubro, mas ele segue confiante de que o processo será resolvido a seu favor. “Francamente, as pessoas merecem o direito de buscar ajuda voluntariamente”, declarou à CBN. “Talvez queiram resolver conflitos no casamento ou traumas passados de abuso.”

Para ele, o julgamento pode abrir precedentes em outros países. “Não conheço outro caso como o meu no mundo”, afirmou. Curiosamente, ele também expressou frustração com a falta de cobertura da mídia local sobre o processo, alegando censura e dizendo que Malta “merece ouvir os dois lados da história”. Em sua narrativa, Grech conta que vivia um “estilo de vida homossexual ativo em Londres” até que uma “adorável mulher cristã” o levou à igreja, o que o teria feito repensar sua sexualidade e abraçar a fé. Quando a liberdade de expressão vira pretexto para apagar existências, é sinal de que o discurso já virou violência. Cadeia nele!

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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