Pelo menos 30 pessoas foram presas na China por escreverem ficção erótica gay

As autoridades chinesas prenderam pelo menos 30 pessoas — em sua maioria mulheres jovens na casa dos 20 anos — por escreverem e publicarem ficção erótica gay, gênero conhecido como danmei. Segundo o portal Pink News, os detidos estão sendo enquadrados nas severas leis de pornografia da China, que preveem penas superiores a 10 anos de prisão para quem for considerado culpado de “produzir e distribuir material obsceno” com fins lucrativos.

As prisões remontam a fevereiro deste ano e estão ligadas a publicações feitas na plataforma taiwanesa Haitang Literature City. Inspirado nos mangás japoneses Boys’ Love, o danmei se popularizou entre jovens mulheres chinesas como uma forma de explorar relações homoafetivas masculinas fora das rígidas normas de gênero impostas pela sociedade local. Apesar disso, a repressão do Estado chinês está sufocando esse espaço de expressão criativa, com perfis de escritoras sendo deletados e qualquer debate sobre o assunto rapidamente censurado nas redes sociais.

Mesmo diante da repressão, a ação do governo gerou indignação online e mobilizou advogados dispostos a oferecer apoio jurídico às autoras presas. No entanto, com o controle cada vez mais rígido do regime sobre plataformas digitais, essas iniciativas enfrentam dificuldades para ganhar tração e alcançar o público afetado. A censura tem avançado em ritmo acelerado, silenciando até mesmo tentativas de solidariedade.

Embora a homossexualidade tenha sido descriminalizada na China em 1997 e removida da lista de transtornos mentais apenas em 2001, ainda há um vácuo legal profundo em relação à proteção de pessoas LGBTQIAPN+. O casamento entre pessoas do mesmo sexo não é reconhecido, e não existem leis que garantam direitos básicos ou protejam contra discriminação. O fechamento de um dos principais grupos de defesa LGBTQ+ do país em 2021 e a censura de conteúdo queer em séries como Friends, em 2022, mostram que a perseguição à comunidade LGBTQ+ chinesa segue firme — agora com novos alvos: escritoras de ficção.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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