Ativista feminista é presa no Marrocos por usar camiseta com os dizeres “Alá é Lésbica”

Em um país onde a liberdade de expressão ainda esbarra em leis rígidas que criminalizam a crítica à religião, a psicóloga e ativista feminista Ibtissame Lachgar foi detida no último domingo (10/08) no Marrocos. Reconhecida por sua luta em defesa dos direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ+, Lachgar tornou-se alvo da repressão após publicar uma foto usando uma camiseta com a frase provocativa “Alá é lésbica”. A imagem, postada em 31 de julho em sua conta no X/Twitter, foi acompanhada de um texto que denunciava o islamismo como uma ideologia “fascista, falocrática e misógina”.

A repercussão foi imediata e violenta: Lachgar sofreu uma avalanche de ataques virtuais, com milhares de ameaças de estupro, morte e até pedidos de linchamento. A reação das autoridades marroquinas não tardou: o Ministério Público emitiu uma nota oficial afirmando que, diante da publicação “ofensiva ao divino”, uma investigação foi aberta e a ativista colocada sob custódia policial. No Marrocos, as leis de blasfêmia são severas, e qualquer crítica religiosa pode levar a penas de prisão, evidenciando o contexto autoritário que restringe a liberdade de expressão no país.

Organizações internacionais e grupos de defesa dos direitos humanos se mobilizaram rapidamente em apoio a Lachgar. A Sociedade Secular Nacional (NSS) exigiu sua libertação imediata e o fim das leis contra blasfêmia, consideradas “draconianas”. Megan Manson, chefe de campanhas da NSS, declarou: “Leis contra blasfêmia não têm lugar em lugar nenhum. A liberdade de expressão deve incluir a liberdade de criticar a religião, mesmo que isso signifique ofender sentimentos religiosos.” A NSS ainda ressaltou que Lachgar está prevista para participar da conferência feminista FiLiA2025, em Brighton, em outubro, onde pretende continuar sua luta.

A diretora executiva da FiLiA, Lisa Marie Taylor, também pediu a rápida libertação da ativista e destacou a importância da resistência feminina contra o silenciamento religioso: “Temos orgulho de dar plataforma a mulheres que falam a verdade aos poderosos, incluindo aquelas que desafiam e criticam a religião, porque esta é, fundamentalmente, uma questão feminista. Silenciar mulheres por ‘blasfêmia’ é uma violação de seus direitos humanos e um ataque à liberdade das mulheres de pensar, falar e viver sem medo.” O caso de Ibtissame Lachgar expõe, mais uma vez, os perigos enfrentados por quem ousa questionar as estruturas religiosas e patriarcais em contextos repressivos.

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Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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