Filme de terror “Together” é retirado dos cinemas chineses após censura de cena com casal gay

A Neon, distribuidora global do filme de terror Together (2025), reagiu com firmeza à versão alterada exibida recentemente nos cinemas da China. A edição, feita pela distribuidora local Hishow, utilizou inteligência artificial para transformar uma cena de casamento gay em uma união heterossexual. A alteração não autorizada motivou a Neon a exigir a imediata suspensão das exibições dessa versão censurada.

“A Neon não aprova a edição não autorizada do filme pela Hishow e exigiu que eles parem de distribuir esta versão alterada”, declarou a produtora em comunicado oficial. Na cena original, dois homens, vividos por Charlie Lees e MJ Dorning, se casam em uma breve, mas significativa sequência. Contudo, na edição chinesa, o rosto de um dos noivos foi substituído digitalmente pelo de uma mulher, distorcendo o enredo pensado pelos criadores. A modificação não passou despercebida: espectadores que assistiram ao filme em 12 de setembro relataram nas redes sociais o incômodo com a manipulação, classificando a mudança como “desrespeitosa” e afirmando que a adulteração prejudicava a lógica da trama.

Em vigor desde 2016, as normas locais proíbem a representação de relações entre pessoas do mesmo sexo em filmes, séries e outras produções midiáticas. Diversos títulos já sofreram cortes ou alterações, como Bohemian Rhapsody (2018), que removeu referências à homossexualidade de Freddie Mercury, e Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (2022), que teve diálogos sobre o romance entre Dumbledore e Grindelwald excluídos. Apesar disso, pesquisas indicam que mais da metade da população chinesa apoia os direitos LGBTQ+.

Após a repercussão internacional, Together, estrelado por Dave Franco e Alison Brie, foi retirado completamente dos cinemas chineses menos de duas semanas após sua estreia. O caso expõe não apenas os limites da censura estatal, mas também os riscos de manipulação por IA em obras culturais. Para a comunidade LGBTQ+, a exclusão reforça uma política que tenta apagar representações positivas, mesmo diante de uma sociedade cada vez mais aberta à diversidade.

Felipe Sousa

Ariano e carioca, Felipe tem 31 anos e há mais de 10 é redator do Pheeno. Apaixonado por explorar a comunicação no cenário dinâmico das redes sociais, ele se dedica a criar conteúdos que refletem a diversidade e a vitalidade da comunidade LGBTQIAPN+. Entre uma notícia e outra, Felipe reserva tempo para aproveitar o melhor da vida diurna e noturna carioca, onde encontra inspiração e conexão com sua cidade.

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