DJ Diego Baez reage a caso de intolerância religiosa na cena eletrônica: “O axé é minha forma de espalhar amor”
O que era pra ser apenas mais um fim de semana de festa na cena tribal house brasileira virou um episódio lamentável de intolerância religiosa. Um cliente enviou uma mensagem à produção de um evento pedindo que os DJs “não tocassem músicas de cunho religioso”, afirmando que um dos artistas “gosta de transformar a pista de dança em terreiro de macumba”. O comentário, carregado de preconceito, foi divulgado pelo perfil @circuito_tribalhouse e gerou revolta entre frequentadores e artistas da cena.
O DJ Diego Baez, apontado de forma indireta na mensagem, não ficou em silêncio. Conhecido por expressar sua fé abertamente e celebrar as religiões de matriz africana em suas apresentações, Baez tem orgulho de usar a música como forma de conexão espiritual. Tanto que em post recente, postou vídeo com a legenda: “Uma singela homenagem a Exu na festa Estudio40! Axé pra quem é de axé! Eu sou BAEZ! Laroyê Exu.”
A espiritualidade de Baez também está presente fora dos palcos. Em seu Instagram pessoal, ele costuma publicar fotos com vestimentas tradicionais e vídeos com cânticos de axé, mostrando que sua relação com a fé vai além das pistas e faz parte da sua essência como artista.
Nos comentários sobre o caso, o DJ publicou um desabafo poderoso. Disse que usa a música para tocar e curar, e que alguns estão prontos para sentir além da letra, enquanto outros ainda estão presos a conceitos e preconceitos. “Eu sou apenas um mensageiro, assim como Exu. Eu uso a minha música para tocar e curar. Alguns estão prontos para ver além da letra e sentir a frequência. Outros ainda estão presos à intolerância. Eu já transcendi o medo da opinião contrária e sigo escrevendo a minha história. Axé pra quem é de axé! Amém pra quem é de amém! Shalom pra quem é de Shalom! Namastê pra quem é de Namastê!”, escreveu Baez.
A fala repercutiu fortemente nas redes sociais e foi celebrada como um ato de coragem e amor próprio. Para muitos fãs, ver um DJ negro e de fé afro-brasileira ocupando espaço na cena eletrônica é motivo de orgulho e resistência. O episódio, no entanto, também reacendeu uma discussão urgente: intolerância religiosa é crime no Brasil.
De acordo com o Código Penal e a Lei nº 7.716/1989, atos de intolerância religiosa podem resultar em até três anos de prisão, além de multa. Reprimir, ridicularizar ou discriminar práticas ligadas a qualquer religião é uma violação da liberdade de crença e uma forma de racismo religioso.
Mais do que uma resposta a um comentário preconceituoso, a atitude de Diego Baez reafirma o poder da arte como instrumento de fé e liberdade. Porque no fim das contas, quem leva amor pra pista não precisa se justificar — só continuar dançando com axé.

