Metade dos profissionais brasileiros LGBT+ já assumiu abertamente sua sexualidade no trabalho

Metade dos profissionais brasileiros LGBT+ já assumiu sua orientação sexual no trabalho abertamente. A informação é de um estudo encomendado pelo LinkedIn, maior rede social profissional do mundo, com mais de mil profissionais LGBT+ e heterossexuais brasileiros, de diversos setores e regiões do País, como parte da campanha #ProudAtWork, que visa o debate sobre o tema.

A pesquisa revelou que outros 25% dos respondentes LGBT+ já contou a alguns de seus colegas sobre sua orientação sexual, enquanto os outro 25% ainda não contou a ninguém. Quando analisados apenas os entrevistados heterossexuais, 58% sabem de algum colega de trabalho LGBT+, independentemente da pessoa ter lhe contado ou ter descoberto de outra maneira.

Entre os profissionais que não contaram abertamente sua orientação sexual, os quatro principais fatores que fizeram as pessoas não compartilharem são: não ver necessidade (51%), não gostar de falar sobre a vida pessoal (37%), ninguém saber sobre a orientação sexual dentro e fora do trabalho (32%) e sofrer medo de represália por parte dos colegas (22%).

“Divulgar sua orientação sexual abertamente no ambiente de trabalho ainda é um desafio para muitos dos profissionais LGBT+. É papel das empresas criar um ambiente acolhedor e respeitoso e com políticas sólidas para que cada vez mais esses talentos possam vivenciar a sua vida pessoal em conjunto à profissional, e não como duas pessoas distintas”, afirma João Bevilacqua, gerente de vendas e líder do comitê LGBT+ no LinkedIn, o OutIn.

Discriminação

Em relação ao preconceito no ambiente de trabalho, 35% dos entrevistados LGBT+ no levantamento afirmou já ter sofrido algum tipo de discriminação velada ou direta. A maior parte da discriminação foi feita diretamente por colegas. Cerca de 12% dos entrevistados que sofreu algum preconceito afirmou ter sofrido discriminação direta ou velada por líderes da empresa, incluindo gestores. O estudo revelou que piadas e comentários homofóbicos foram os mais citados entre as formas de discriminação.

Já entre os heterossexuais que afirmaram ter algum colega homossexual, 33% afirmou ter presenciado algum tipo de discriminação com o profissional LGBT+ no ambiente de trabalho. Destes, 17% disse que o episódio ocorreu nos últimos 6 meses, 8% no último ano e 8% há mais de um ano.

Sentimentos

Quando questionados como se sentiam perante seus colegas em relação a sua orientação sexual ou identidade de gênero, 23% dos profissionais LGBT+ afirmou sentir respeito e 15%, igualdade. Em seguida estão insegurança (6%), companheirismo (também com 6%), curiosidade (5%), desconfiança (4%) e desrespeito (4%). No geral, quase 60% dos sentimentos citados eram positivos, incluindo ainda sentimentos como empatia (3%), orgulho (3%), solidariedade (2%) e carinho (2%).

Do lado dos heterossexuais, 44% dos respondentes escolheu “respeito” para descrever como se sentia em relação aos colegas LGBT+. A igualdade apareceu em segundo lugar, com 19%, seguida por empatia (8%), companheirismo (7%) e solidariedade (5%). No geral, mais de 90% dos sentimentos citados eram positivos.

LGBTs na liderança

Dos respondentes LGBT+, apenas 13% afirma ocupar ou ter ocupado anteriormente, um cargo de diretoria ou C-level. Outros 15% ocupavam ou ocupam cargos de coordenação e gestão, enquanto a grande parte (54%) representa cargos de entrada, isto é, analistas, assistentes ou estagiário(a)s.

Em relação a ter um gestor direto LGBT+, 74% dos profissionais LGBT+ afirmou que não teria problemas em trabalhar com um possível chefe LGBT+. Com os respondentes heterossexuais, o percentual foi parecido, com 71%. Na base geral, 71% dos entrevistados também disse não ser um problema. Já ao serem perguntados se era justo profissionais LGBTs assumirem menos cargos de chefia, 14% dos profissionais LGBT+ concordou com a afirmação. O percentual foi de 10% para heterossexuais e também 10% na base geral de respondentes.

Importância da diversidade nas empresas

Para 82% dos entrevistados LGBT+, ainda falta muito para que as empresas os acolham melhor. Somente 32% dos respondentes LGBT+ disse se sentir acolhido na empresa atual ou que trabalhou, enquanto 38% dos heterossexuais afirmou que dentro da empresa as pessoas LGBT+ se sentem acolhidas.

A diferença entre visões fica mais nítida ainda quando os entrevistados são perguntados se as pessoas que trabalham ao redor deveriam receber mais atenção da empresa. Metade (50%) dos respondentes LGBT+ concordou com a afirmação, enquanto apenas 27% dos heterossexuais concordou. Contudo, no que diz respeito à vida do profissional LGBT+ ter melhorado nos últimos anos, os níveis foram mais similares. Pouco mais de 30% dos respondentes LGBT+ concordou com a frase, enquanto o percentual foi de 42% para os heterossexuais.

Diversidade e governo atual

Em relação ao governo atual do País, 64% dos entrevistados LGBT+ afirmou que o governo não se preocupa com a diversidade no Brasil. Nos heterossexuais, o percentual diminui para 39% e na base geral, incluindo ambos recortes, o nível foi de 45%.

Ainda sobre o assunto, 67% dos LGBTs afirmou que promover a igualdade entre os gêneros é uma responsabilidade do governo. Nos heterossexuais, o índice foi de 43% e no geral dos entrevistados, 49%. Já em relação a homofobia, 76% dos respondentes LGBT+ afirmou acreditar que o Brasil é um país homofóbico. Para os heterossexuais, apenas 53% acredita na afirmação. No geral, 59% dos entrevistados disse concordar com a afirmação.

Felipe Sousa

Felipe é redator do Pheeno! Focado em explorar cada vez mais a comunicação em tempos de redes sociais, o carioca de 25 anos divide seu tempo entre o trabalho e a faculdade de jornalismo, sempre deixando espaço para o melhor da noite carioca!

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