O município de Mesquita, região metropolitana do Rio, dá mais um passo a favor da população trans
Na segunda-feira, dia 04/11, a Secretaria Municipal de Assistência Social de Mesquita promoveu, junto à Coordenadoria de Diversidade Sexual da cidade, uma roda de conversa específica para profissionais da rede municipal de saúde, a fim de que o município possa oferecer um tratamento mais adequado à população trans local.
A ação, que sem dúvidas é passo a favor da população LGBT+, aconteceu na própria Secretaria Municipal de Saúde, em Santa Terezinha, e teve como principal objetivo orientar os profissionais de saúde presentes sobre os cuidados que a equipe deve ter ao atender a população trans do município. “Sabemos que cada indivíduo tem a sua posição e sua opinião sobre diversos assuntos e isso não é diferente no que diz respeito às questões de gênero e sexualidade. Porém, não podemos deixar que isso prejudique o acesso de quem quer que seja à saúde”, ressalta Erika Rangel, Secretária Municipal de Assistência Social de Mesquita.
Paulinha Única, Coordenadora de Diversidade Sexual da cidade, foi a anfitriã do encontro e, na condição de mulher trans, expôs as consequências da falta de atendimento adequado às pessoas trans, “quando não damos o devido respeito à população trans, estamos afastando essas pessoas da rede e, com isso, deixando-as vulneráveis a problemas que podem ser facilmente evitados com atendimento preventivo, ou, pior, desestimulando-as a buscarem tratamento para alguma doença que já tenham”.
Laura Mendes foi uma das palestrantes convidadas pela Assistência Social de Mesquita para a ação e contou algumas situações que já enfrentou na busca pelo atendimento adequado em unidades de saúde brasileiras. Segundo ela, algumas pessoas se deixam levar por crenças religiosas ou valores próprios e, assim, deixam de prestar o atendimento adequado a uma pessoa trans. “Algumas pessoas têm preconceito e não conseguem separar isso na hora do trabalho. Não importa se a sua religião ou seus valores morais condenam algo ou não. Isso não pode determinar o respeito que será dado a um cidadão que precisa de atendimento médico e que merece atenção”, comentou Laura.
O escritor Jordhan Lessa, homem trans, também foi convidado pela Assistência Social de Mesquita para palestrar e lembrou-se de uma situação curiosa em relação à questão do nome social. “Uma vez uma pessoa me questionou se meu CPF era verdadeiro, porque constavam dois nomes ali: o de registro e o social. Muita gente nunca viu um documento oficial que contenha o nome social do cidadão. E se a pessoa tem aquele documento, é porque ela deseja e tem o direito de ser chamada pelo nome que consta ali”, explicou.
Essa é mais uma ocasião que nos faz lembrar o quão necessário é o reconhecimento do nome social de pessoas trans e o quão relevante é o acesso à população trans em geral a documentos oficiais que oficializem seus nomes. Embora seja ‘um mero papel’, é um documento que lhe trará mais dignidade e respeito perante aqueles que ainda se inundam de preconceito.