“Só estamos vivos porque não fizemos Jesus gay e preto”, diz Porta dos Fundos um ano após atentado
Foto: Divulgação
Um ano depois do atentado a sede do “Porta dos Fundos“, Antonio Tabet, Fábio Porcha e João Vicente de Castro concederam uma entrevista ao UOL para discutir o especial de Natal de 2020 do grupo, “Teocracia em Vertigem”.
Tabet, um dos fundadores do grupo disse que os estragos só não foram piores porque não colocaram Jesus como um homem negro no especial. “Eu tenho certeza de que só jogaram as bombas no Porta porque Jesus era gay no especial do ano passado. Acho que só estamos vivos porque Jesus não era gay e preto; senão, seriam ainda mais bombas”, disse ele. Já João afirma que o grupo não ficou muito abalado pelo ocorrido: “Nos sentimos mais tristes do que sentimos medo”.
Desta vez, o especial preparado por eles foi intitulado ‘Teocracia em Vertigem‘, em referência ao documentário ‘Democracia em Vertigem’, dirigido por Petra Costa em 2019. Referências vão desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) até a ascensão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Só se fala em política. Todo assunto termina em Bolsonaro – criança fala de política, o vírus é política, futebol é política. Então, por que não colocar no especial?”, questiona Porchat.
“Eu não acho que a gente pegou mais leve. O personagem do Gregorio Duvivier fala que é um Deus que ‘senta’, um Deus ‘bicha’. Ano passado, a revolta de alguns foi por homofobia. Isso diz muito mais sobre as pessoas que se revoltaram do que sobre o especial“, completou ele. Diferentemente do no ano passado, o especial não entrará mais na Netflix. O lançamento será direto no YouTube do Porta.