Papa nomeia ativista gay abusado por padre para comissão contra pedofilia no Vaticano
O Papa Francisco nomeou o ativista gay chileno Juan Carlos Cruz, vítima de abuso sexual cometido pelo padre pedófilo Fernando Karadima, para uma comissão do Vaticano que combate os recorrentes casos de violência sexual por parte do clero.
Juan fará parte da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores pelos próximos três anos, segundo informou a sala de imprensa da Santa Sé nesta quarta-feira (24/03). O comitê foi estabelecido por Francisco para discutir medidas de combate à pedofilia na Igreja Católica e tem entre seus membros o brasileiro Nelson Giovanelli, fundador da comunidade Fazenda da Esperança, de Guaratinguetá (SP).
Os abusos cometidos pelo padre Karadima, que teve seu estado clerical revogado em 2018, foram acobertados durante anos e culminaram na renúncia coletiva de todo o episcopado do Chile. Francisco já aceitou a demissão de vários prelados, incluindo o ex-bispo de Osorno Juan Barros Madrid, acusado de ocultar denúncias contra Karadima.
Cruz diz que suas acusações foram desacreditas inicialmente pela Igreja pelo fato de ele ser homossexual. No entanto, o chileno diz ter ouvido do Papa as seguintes palavras em um encontro no Vaticano em 2018: “Juan Carlos, o fato de você ser gay não importa. Deus te fez assim”. “Isso renova meu compromisso de continuar trabalhando para acabar com o flagelo dos abusos e por tantos sobreviventes que ainda não obtiveram justiça“, comemorou ele em sua conta no Twitter.