Milhares de pessoas vão às ruas do Senegal para exigir aumento na penalidade aos gays
Uma multidão se reuniu no domingo (20/02) na capital Dakar para pedir o reforço da repressão contra homossexuais no Senegal. A mobilização teve início depois que o Parlamento do país rejeitou um projeto de lei para criminalizar a homossexualidade. As informações são da agência de notícias RFI.
Os protestantes, que seguravam cartazes enquanto caminhavam pelas ruas da capital do Senegal, foram liderados pelo coletivo And Sam Djiko Yi (Juntos Protegemos Nossos Valores). O grupo reuniu membros de mais de 125 associações do país. Onze deputados, autores de um polêmico projeto de lei rejeitado pelo Parlamento senegalês em dezembro, fazem parte do coletivo. O governo alega que o artigo 319 do Código Penal já pune “atos contra a natureza e de atentado ao pudor“, o que descartaria a necessidade de visar explicitamente os homossexuais. O presidente senegalês, Macky Sall, reforçou a mensagem, o que não parece ter convencido parte da população.
“Nossa proposta consiste em endurecer a pena. A homossexualidade não existe em nossos valores, nem na nossa fé. A exemplo da poligamia, que é proibida em vários países, aqui proibimos a homossexualidade“, diz o imã Pape Birame Sarr, membro do diretório do coletivo. No país, cerca de 96% senegaleses segue a religião muçulmana – os outros 4% da população são cristãos.
Atualmente, a Constituição do Senegal pune com até cinco anos de prisão e multas de até 1.500.000 francos CFA (equivalentes a mais de R$ 13 mil) “atos contra a natureza com indivíduos do mesmo sexo“. No entanto, o projeto de lei propõe aumentar a pena para até 10 anos de prisão e 5 millions de francos CFA (cerca de R$ 44,5 mil). O texto pede o endurecimento da legislação contra LGBTs mas também contra a zoofilia e a necrofilia, consideradas “práticas similares” no país.