Brasil tem ao menos cinco assassinatos de pessoas LGBTQIA+ por semana, diz relatório
De acordo com o Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+ ao menos cinco pessoas LGBTs foram vítimas de homicídio no Brasil a cada semana em 2021. O documento contou com a parceria de várias organizações sociais no processo de elaboração dos dados apresentados. Entre elas, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), a Acontece Arte e Política LGBTI+ e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT).
Lançado nesta quarta-feira (11/05), o relatório mostra que os alvos mais comuns foram homens gays (48,9%) e mulheres transexuais e travestis (43,9%). O dossiê é baseado em levantamento em notícias encontradas em jornais e portais eletrônicos, por causa das lacunas de estatísticas oficiais sobre esses crimes. Entre os dados apresentados, o relatório chama atenção para a quantidade de mortes violentas na população LGBTQIA+. Foram, no total, 316 mortes violentas de pessoas dessa comunidade – uma a cada 27h, incluindo homicídios, suicídios, entre outros. Esfaqueamento (28,8%), armas de fogo (26,27%), espancamento (6,33%), asfixia (3,16%), perfurações no corpo (2,53%) e queimaduras (2,22%) foram as principais causas de óbito.
Jovens de 20 a 29 anos foram as principais vítimas, com 30,4% eram das vítimas nessa faixa etária. O relatório também mostra que São Paulo é o estado que mais mata pessoas LGBTQIA+. Foram 42 mortes violentas no ano passado, ante 29 em 2020, e 21 em 2019. Em relação às capitais, São Paulo também é a recordista. Em 2021, foram 13 mortes violentas no município. Seguida de Salvador, com 11 mortes, e Manaus e Rio de Janeiro, com 8 mortes violentas cada.
“Nós só vamos conseguir mudar toda essa situação quando a gente realmente puder falar abertamente e com tranquilidade para se ouvir e ser ouvido para construir essa diversidade sexual e de gênero que existe nesse mundo. Então se a gente não conseguir fazer isso, que é por meio da educação, não vai se mudar. Eu vejo que o processo principal de mudança radical é a educação na escola, na saúde, na empresa, em casa, na praça, onde você puder falar”, observa Alexandre Bogas, diretor executivo da Acontece Arte e Política LGBTI+ e um dos três coordenadores do Observatório.